Ainda é misterioso para a Polícia Civil o motivo do assassinato do motorista do Uber Deivison Pontes Ferreira, de 28 anos, ocorrido por volta de 0h30min desta quarta-feira (26) na zona sul de Porto Alegre. Os investigadores que estiveram no local do crime, o Beco Pedro Rodrigues Bittencourt, no bairro Vila Nova, dizem as circunstâncias colhidas são contraditórias.
O mais curioso dos indícios é que os bolsos de Pontes estavam revirados, e ele estava sem carteira e celulares, o que poderia confirmar que o caso é um latrocínio (roubo com morte). Por outro lado, os sete tiros que atingiram o corpo dele caracterizam, para a polícia, uma execução, sem a intenção do roubo. Há ainda o relato de uma testemunha contando que viu o motorista tendo uma discussão com os homens que desceram do veículo antes do crime.
– Precisamos confirmar todos os relatos para então descartar hipóteses. Por enquanto, todas as linhas de investigação são possíveis – comenta o delegado Eibert Moreira Neto, da 6ª Delegacia de Homicídios.
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Conforme a polícia, três homens foram vistos descendo do carro. Pelo menos um deles sacou uma pistola e abriu fogo contra o vidro lateral, do lado do motorista. Depois, os bandidos fugiram sem levar o veículo, um Gol preto, modelo novo, emplacado em Santa Catarina. Eles não foram encontrados nas buscas feitas pela Brigada Militar.
Nas próximas horas, a Polícia Civil deve retornar ao local do crime. O objetivo é identificar se algum elemento importante na investigação escapou durante a noite. Os agentes querem, também, procurar câmeras de segurança que possam ter flagrado a ação.
Além disso, o delegado vai mandar um ofício para a Uber, com o objetivo de saber há quanto tempo o motorista estava trabalhando no aplicativo e se estava em uma corrida no momento em que foi morto. Relatos de familiares aos policiais dizem que ele também fazia viagens de forma informal. Pontes tinha somente um antecedente criminal por lesão corporal.
– Vamos começar a ouvir as testemunhas ainda hoje para primeiro concluir se é um latrocínio ou homicídio, e depois chegar a autoria desse crime de forma ágil – afirma o delegado responsável pela investigação.
Terceiro assassinato de motoristas do Uber
Este é o terceiro caso de assassinato de um motorista do Uber no ano no Rio Grande do Sul. O primeiro foi o de Moisés Doring Jeske, 33 anos. Ele foi esfaqueado e encontrado morto no Parque Chico Mendes, no bairro Mario Quintana, na zona norte de Porto Alegre.
Em julho, o motorista do Uber e soldado do exército Marcelo Gabriel Lisboa Roxo, de 23 anos, foi morto em Montenegro. Ele atuava em São Leopolodo e foi morto após fazer uma corrida para o município vizinho. Um adolescente confessou o crime para a Polícia Civil.