Há um ano, em 28 de agosto de 2016, o primeiro efetivo da Força Nacional de Segurança (FNS) chegava ao Rio Grande do Sul para reforçar o policiamento em Porto Alegre e região. O pedido de ajuda federal, depois de muita resistência, foi feito pelo governador José Ivo Sartori após a morte da representante comercial Cristine Fagundes que esperava o filho sair da escola, em 25 de agosto, na zona norte da capital.
O latrocínio foi o estopim para uma série de mudanças na segurança pública. Entre elas, a exoneração então titular da pasta, Wantuir Jacini, a formação de um gabinete de crise e o próprio pedido de ajuda federal.
Os 199 homens e mulheres da Força Nacional de Segurança atuam em conjunto com a Brigada Militar, Polícia Civil e Instituto-Geral de Perícias. A maioria está no policiamento ostensivo.
Para o atual secretário da Segurança, Cezar Schirmer, a presença desse reforço é fundamental no atual momento.
– Primeiro, obviamente, porque estamos com escassez de recursos humanos e recursos financeiros. E a vinda da Força Nacional para o Rio Grande do Sul, por iniciativa do governador Sartori, tem o primeiro significado que é a gratuidade. É um efetivo qualificado, equipado, competente e capaz de levar à frente os nosso propósitos no combate ao crime e de graça – destaca Schirmer.
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De acordo com o secretário, a presença da Força Nacional tem trazido resultados positivos em Porto Alegre, com redução dos índices de criminalidade.
– Ela fica em Porto Alegre, fundamentalmente, reforçando o nosso trabalho, e nós vamos manter isso. A capital tem indicadores muito elevados de insegurança e tudo que se faz em Porto Alegre, tem repercussão em todo o Rio Grande do Sul – afirma.
Aliado ao trabalho da Força Nacional, o secretário também ressaltou a importância do ingresso de 1.018 PMs formados em julho e dos cerca de 500 que estarão nas ruas em dezembro para o combate à criminalidade.
Schirmer lembra que o efetivo da FNS está garantido até 31 de dezembro de 2017, mas que tentará mais uma prorrogação da permanência.
– Se depender da minha vontade, o último dia de 2018. Porque a partir daí não sabemos o que vai acontecer depois, porque temos processo eleitoral no ano que vem – conclui.
A Rádio Gaúcha pediu entrevista com o responsável pela Força Nacional de Segurança, mas, até as 22h, não obteve retorno do Ministério da Justiça, que é a pasta responsável pela instituição.
No programa Estúdio Gaúcha, o Comandante do Policiamento da Capital (CPC), Coronel Jefferson Jacques, também falou sobre o latrocínio que completou um ano. Ele disse que vê uma melhora no cenário da segurança pública na Capital e que o caso motivou uma nova forma de atuação da Brigada Militar.
– A nossa estratégia está focada na alteração de horários do policiamento ostensivo, principalmente para reprimir o roubo de veículo e o de pedestre, como nos terminais de ônibus e áreas comerciais. Roubo de veículo ainda é um desafio, mas conseguimos estancar a sangria, fizemos ações conjuntas, reuniões com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e com a força tarefa do transporte público, integrando as inteligências, e mudando os locais de atuação da parte ostensiva, com o policial no local onde o crime está acontecendo. Diariamente, avaliamos o resultado do nosso trabalho e projetamos o outro dia – salientou.
Apesar de defender avanços, inclusive enfatizando a chegada de 520 policiais que se somaram à atuação, Jacques falou que a liberação de presos no âmbito judiciário dificulta o processo.
– É o que não nos permite apresentar um melhor resultado (...). Minha percepção é que melhorou, e nós vamos continuar perseguindo a sensação de segurança".