Em mais uma tentativa de frear o roubo de veículos na Capital, 25 pessoas de uma quadrilha especializada no crime foram presas em uma operação policial na manhã desta segunda-feira, na Zona Norte. Investigado há quase cinco meses, o bando é apontado como autor de cerca de 300 assaltos neste período: uma média assustadora de dois carros por dia.
Chama a atenção da polícia, embora já não seja uma novidade, a participação de adolescentes nesse tipo de crime – considerado violento porque pressupõe a utilização de arma. Dois jovens de 18 anos foram apreendidos porque teriam cometido as infrações ainda quando eram menores – um deles, cujo nome não foi divulgado, é apontado com um dos líderes da organização.
– Esse líder, que fez 18 anos semana passada, era responsável por distribuir as armas e determinar o destino dos veículos. Fez escola com criminosos experientes, agora é tão ou mais violento do que eles – afirma o delegado Adriano Nonnenmacher, um dos coordenadores da Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DRV/DEIC).
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Mesmo agora que são maiores de idade, os garotos devem cumprir punição na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), pois eram adolescentes quando cometeram as infrações. Caso cometam novo crime, serão encaminhados ao sistema prisional. Outro jovem, de 15 anos, também foi apreendido.
Por conta da recorrente participação de menores, a Delegacia de Polícia para Crianças e Adolescentes (Deca) passou a ser incluída nas forças-tarefas do Deic desde o início das investigações, e não mais depois das detenções.
Segundo o delegado Marco Antônio Guns, também da DRV, a quadrilha desmantelada na chamada Operação Domínio não tinha um modus operandi específico, e atacava vítimas aleatórias. Nesse período de investigação, não houve mortes durante os roubos (latrocínio), o que é um indício do grau de habilidade dos assaltantes.
– São especializados e qualificados, sim, mas acreditamos que, com as prisões, vamos reduzir os roubos e também as mortes, porque esses bandidos não se preocupam em agir com violência – afirma Guns.
Grande parte dos roubos ocorreu nos bairros Rubem Berta, Sarandi e Lindóia, na zona norte de Porto Alegre, mas também houve casos na Zona Leste, em Gravataí e Canoas. Conforme a investigação, a Zona Norte, além de ser uma área com desmanches de veículos, é uma região que favorece a atuação dos criminosos pois tem acesso fácil a outras cidades da Região Metropolitana.
Os carros roubados tinham destinos variados: eram clonados, desmanchados, vendidos ou utilizados para cometer outros crimes. O delegado chama a atenção, ainda, para a "colaboração" de pessoas comuns.
– Não adianta as pessoas pedirem segurança pública e irem comprar veículos baratos na internet. Esses carros quase sempre são fruto de roubos. Comprando-os, estão fomentando a criminalidade – alerta Guns, que orienta a consultar a placa do veículo no Detran antes de fechar negócio.
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Os ladrões nunca estiveram tão ativos e violentos no Estado. É o que demonstram as estatísticas da Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre a criminalidade, divulgadas no início de agosto. Zero Hora comparou o primeiro semestre de 2016 com os primeiros seis meses dos últimos cinco anos nos 10 municípios gaúchos mais populosos. O resultado é que crimes como roubo de carros e assalto à mão armada bateram recorde nas principais cidades. Veja o gráfico abaixo: