Carlos Eugênio Azevedo Gonçalves lembrou, nesta quarta-feira, de seu filho, Rodrigo Maciel Gonçalves, 17 anos, assassinado no bairro Humaitá, em Porto Alegre, na última segunda-feira, como uma pessoa "carinhosa" e disposta a defender os amigos. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, ele descreveu a preocupação "cada vez maior" com a violência.
– Meu filho encontrou pela frente outra criança, que ele deve ter tratado como um igual, achou que fosse mais um guri que tivesse passando por ele, de repente reagiu mal e levou um tiro. Infelizmente, a gente cada vez fica mais preocupado e convivendo diariamente com a violência, a falta de apoio, e acha que nunca vai acontecer com a gente – definiu, ao lembrar que o suspeito de cometer o assassinato também é um adolescente.
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Carlos também questionou a capacidade do Estado para reabilitar o responsável pelo crime:
– A gente pensa: o que faltou para esse assassino? Faltou educação, estrutura familiar, apoio do estado? Eu não sei. O que vai acontecer com essa criança? Vai passar um período na Fase e vai sair como dali? O Estado vai conseguir fazer o papel dele, reabilitar?
Além disso, manifestou preocupação com o quadro de violência instaurado na Capital.
– A gente não pode proibir essas crianças de viverem e aproveitarem a vida. Tenho 51 anos e cansei de cruzar Porto Alegre para fazer festa e não acontecer nada – lembrou.
Coordenador do setor administrativo da superintendência de Comunicação Social e Cultura da Assembleia Legislativa, Carlos declarou que está acompanhando a investigação policial. Além disso, cobrou ações do poder público para combater a criminalidade.
Relembre o caso
Rodrigo foi morto após ser atingido por um tiro no tórax no final da tarde de segunda-feira, no Parque Mascarenhas de Moraes. Ele estava com outros dois adolescentes – um menino e uma menina – quando foi alvejado. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas o jovem não resistiu ao ferimento e morreu no local.
Em depoimento à polícia, o suspeito de ter cometido o crime para roubar o celular de Rodrigo comentou que o tiro foi acidental. O garoto se apresentou na 4ª Delegacia de Polícia junto da mãe na noite de terça-feira, depois de passar pelo Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), e foi encaminhado à Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase). Conforme o delegado Cléber Ferreira, o suspeito confessou que ele e um comparsa, também adolescente, tentaram assaltar Rodrigo e dois amigos.
À Rádio Gaúcha, Carlos afirmou que amigos de seu filho estão organizando um ato no Parque Mascarenhas de Moraes no próximo domingo.
– Já me coloquei à disposição deles. O que cabe é tentar melhorar a vida dessa gurizada – relatou o pai de Rodrigo.