O delegado Marcus Vinicius Veloso, que investiga o caso do bolo de Natal envenenado de Torres, que matou três pessoas, afirma que em alguns momentos do depoimento de Deise Moura dos Anjos, ele quase chegou a acreditar na história contada por ela. A suspeita de acrescentar arsênico na farinha utilizada para a sobremesa preparada por sua sogra, Zeli dos Anjos, está presa temporariamente.
— Eu confesso, eu cheguei até a acreditar na história dela. E aí, com essas provas que foram juntadas, a gente viu que houve bastante mentira. Ela é convincente, dissimulada — disse em entrevista ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (10).
O delegado contou também que Deise era suspeita desde o momento em que a ocorrência foi registrada na delegacia de Torres.
— Ela foi citada desde o primeiro depoimento. E com base nesses depoimentos, nós já tínhamos essa suspeita — disse.
Veloso explicou que chegou a fazer um pedido de prisão contra Deise no dia 25, que foi aceito pelo Ministério Público, mas que solicitou a revogação por não achar viável um mandado de condução coercitiva com base apenas em depoimentos.
— Um delegado de polícia não pode ser apressado, pedir uma prisão por triplo homicídio com base em depoimentos — afirmou.
Junto com o pedido de prisão, havia mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos.
Com as provas, como os exames laboratoriais que comprovaram a presença de arsênio nas vítimas, e os dados extraídos dos celulares, o delegado disse ter conseguido a materialidade da autoria.
— Ali (naquele momento) nós tínhamos fundadas razões de que ela teria praticado esse triplo homicídio.
Delegado pretende ouvir novamente o marido de Deise
O delegado esclareceu ainda dúvidas a respeito de uma possível suspeita de envolvimento do marido de Deise, filho de Zeli dos Anjos e Paulo dos Anjos, ambos vítimas do envenenamento.
De acordo Veloso, o marido foi ouvido pela primeira vez no dia 27 de dezembro, mesmo dia que Deise, porém em condição de testemunha. Até aquele momento, não havia a informação de que a nora seria suspeita do crime. Segundo o delegado, o marido e Deise teriam dito coisas similares em suas oitivas, inclusive sobre a morte de Paulo.
Agora, ele deve ser ouvido novamente sob a condição de testemunha, porém, o depoimento ainda não tem data para acontecer. Sobre um possível envolvimento, o delegado afirmou que nenhuma hipótese pode ser descartada.
Coletiva de imprensa
Nesta sexta-feira, em coletiva de imprensa, a Polícia Civil afirmou que Deise é responsável por envenenar com arsênio a farinha utilizada pela sogra na produção do bolo. Ela também é suspeita de envenenar seu sogro, marido de Zeli, que morreu em setembro de 2024. A exumação do corpo também identificou a presença de arsênio no organismo da vítima.