No Brasil, cerca de 10% dos nascimentos acontecem de forma prematura. O país ocupa o 10º lugar no ranking mundial com mais partos antes do tempo. São considerados prematuros todos aqueles que acontecem antes das 37 semanas de idade gestacional. Como forma de orientar e alertar sobre as causas, consequências e cuidados nesses casos, o mês de novembro é marcado internacionalmente pela campanha Novembro Roxo.
Recentemente as famílias e médicos de bebês que nascem antes puderam comemorar um avanço na legislação brasileira. No final de outubro, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a licença-maternidade para bebês nascidos antes do tempo comece a ser contada somente a partir da alta do recém-nascido ou da mãe, o último a deixar o hospital. A medida vale somente para os casos de internação acima de duas semanas.
De acordo com a médica e responsável técnica pela UTI neonatal do Hospital da Criança Conceição, Catia Soares, o período de uma gestação varia, em média, de 39 a 40 semanas. E apesar de um recém-nascido pré-termo (com menos de 37 semanas) necessitar de cuidados nas primeiras semanas de vida, a maioria das crianças tem um desenvolvimento saudável.
O que pode causar um nascimento prematuro?
As principais causas para a prematuridade são doenças maternas relacionadas com algum tipo de problema crônico ou que aparece durante a gravidez. Hipertensão e diabetes estão entre as principais doenças desenvolvidas durante a gestação que interferem no nascimento.
Outro indicativo, segundo Catia, é um parto prematuro anterior. Mulheres que já tiveram um gravidez terminada antes das 37 semanas têm mais chances de passar por isso novamente.
— Por conta disso, essas gestantes precisam ter uma atenção especial em uma futura gravidez. Caso a equipe de pré-natal não seja a mesma, é importante informar sobre as intercorrências já enfrentadas — orienta a médica.
Nesses casos, as gestantes podem ter o pré-natal classificado como de alto risco. Isso significa que elas precisam de uma atenção especial para conseguir manter o bebê pelo maior tempo possível dentro do útero.
Quais os riscos para a criança?
Bebês que nascem antes não estão totalmente preparados para viver fora do útero. A maioria das crianças acaba tendo problemas relacionados à maturidade dos órgãos internos, por exemplo.
Na maioria dos casos, o pulmão é o órgão mais afetado, fazendo com que o bebê precise de suporte mecânico para respirar. Conforme o período gestacional de nascimento, outras partes do corpo como o coração, cérebro e trato gastrointestinal também podem ser atingidas.
Quais cuidados um prematuro recebe na UTI neonatal?
Em geral, os recém-nascidos que são internados precisam de cuidados específicos. Além da ajuda na respiração com suporte de ventilação, é necessário que a criança permaneça em uma incubadora, que é uma espécie de câmara fechada que oferece um ambiente propício ao amadurecimento dos bebês. Em um primeiro momento, alimentação é feita por sonda.
Depois de quanto tempo o bebê pode receber alta?
As crianças ficam internadas por um período semelhante ao que elas precisariam para nascer em uma gestação com a duração esperada. Portanto, quanto mais cedo o bebê nasce, mais tempo ele deve ficar internado na UTI neonatal. Alguns dos fatores que podem influenciar na alta hospitalar é a capacidade do bebê conseguir mamar pela boca normalmente e que tenha atingido a marca de dois quilos, pelo menos.
Qual a importância dos pais neste período?
Segundo Catia Soares, da UTI Neonatal do Hospital Conceição, cada vez mais estudos comprovam que as crianças que têm os pais mais envolvidos no cuidado desde o início da internação na UTI neonatal têm uma melhor evolução no quadro clínico. Isso não ocorre com a mesma frequência com bebês que, por algum motivo, as famílias não conseguem ou não acompanham a internação.
— A família é parte da equipe que dá essa assistência para o recém-nascido. Eles acabam ficando menos tempo internados, ganham peso mais rápido e usam menos medicamentos — explica Catia.
A médica destaca ainda que após a alta, o cuidado básico com a criança acaba sendo o mesmo que qualquer recém-nascido precisa ter.
— O que eles mais vão precisar é de carinho, afeto, acompanhamento pediátrico adequado ao longo dos seus primeiros anos de vida. Além disso, que possa ser amamentado sempre que houver essa possibilidade e que façam as vacinas adequadamente — conclui Catia.