Magda Lahorgue Nunes (*)
O Dia Mundial do Sono é celebrado desde 2008 na segunda sexta-feira de março (em 2022, será em 18 de março), devendo corresponder ao equinócio da primavera. Conscientizar a população sobre a importância vital do ato de dormir pode auxiliar na redução dos problemas relacionados à privação do sono, que são muito prevalentes em nossa sociedade.
A forma de dormir é um processo adaptativo que acompanha a evolução da humanidade. Nossos ancestrais pré-históricos dormiam ao relento logo ao escurecer, cuidando para não serem atacados por predadores.
Na Grécia antiga, os filósofos já entendiam que o sono era um hábito vital e consideravam que dormir era uma maneira de atingir estados de consciência mais elevados e de conexão com o divino.
Durante a pandemia de covid-19, estudos apontaram aumento significativo nas queixas relacionadas a sono, ansiedade, estresse, redução de exercícios físicos, quebra nas rotinas, trabalho remoto domiciliar, familiar trabalhador da área da saúde e medo da doença.
Durante a Idade Média e a Renascença, o sono e o modo de dormir tornaram-se mais confortáveis e seguros, refletindo diretamente as diferenças sociais.
Com os primórdios da descoberta do ritmo circadiano pelo biólogo francês Jean-Jacques D'Ortous, em 1729, até a Revolução Industrial, com suas fábricas que exigiam longas jornadas e rígidos turnos de trabalho, o dormir parecia ser "perda de tempo" (e, também, de produtividade).
Somente no século 20, com as descobertas científicas sobre a atividade cerebral durante o sono e seu papel regulador na homeostase do organismo, é que passamos novamente a valorizar a importância desse descanso. Contudo, na contramão do conforto e da segurança do sono, disponíveis para a maior parte da população, temos uma epidemia de privação do sono e um aumento significativo nas doenças desse gênero de forma geral.
Com o aumento exponencial do conhecimento na área e com a criação da especialização em Medicina do Sono, certamente a capacidade diagnóstica aumentou, mas isso não justifica a prevalência elevada de maus hábitos. Durante a pandemia de covid-19, estudos conduzidos em diversos países apontaram aumento significativo nas queixas relacionadas a sono, ansiedade, estresse, redução de exercícios físicos, quebra nas rotinas, trabalho remoto domiciliar, familiar trabalhador da área da saúde e medo da doença. Essas foram causas identificadas para uma pandemia secundária: a de problemas de sono.
(*) Coordenadora do Centro de Pesquisa e Investigação Clínica do Instituto do Cérebro, professora titular de Neurologia da Escola de Medicina da PUCRS e neurologista infantil com certificação em medicina do sono
Sete dicas para um bom sono
Dormir bem é uma necessidade. Para tal, aqui estão algumas rotinas de higiene do sono:
- Dormir em ambiente adequado
- Não fazer sestas diurnas maiores do que 30 minutos
- Evitar cafeína e nicotina próximo ao sono
- Praticar exercícios aeróbicos
- Evitar alimentos gordurosos e condimentados
- Expor-se à luz natural durante o dia e escurecer ambientes a noite
- Estabelecer uma rotina relaxante pré-sono