Enxaqueca é um dos tipos de cefaleia, nome científico das dores de cabeça. Trata-se de uma doença neurológica, genética e crônica, cuja principal característica é a dor de cabeça latejante.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a sexta doença mais incapacitante do mundo. No Brasil, atinge 15% da população, cerca de 30 milhões de pessoas.
Não tem cura, mas há paliativos. Veja, abaixo, uma série de perguntas e respostas:
Quais são os outros sintomas?
- Sensibilidade a luz, cheiros e barulho
- Náuseas e vômitos
- Visões, como pontos luminosos, escuros, linhas em ziguezague que antecedem ou acompanham as crises de dor
- Formigamento e dormências no corpo
- Tonturas, sensibilidade a movimentos ou passar mal em viagens de carro, ônibus, barco
Quais fatores podem desencadear uma crise?
Muitas pessoas têm dor logo após períodos de estresse ou excitação. Mas há outros fatores. Veja os mais comuns:
Alimentos e bebidas
- Queijos amarelos envelhecidos
- Frutas cítricas
- Banana
- Linguiças
- Salsichas e alimentos de coloração avermelhada em conserva
- Frituras e gorduras
- Chocolate
- Café, chá e refrigerantes a base de cola
- Aspartame
- Vinho
- Cerveja (ou chope)
Hábitos de alimentação e sono
- Ficar mais de cinco horas seguidas sem comer
- Dormir mais ou menos do que o habitual
Variações bruscas de temperatura e de umidade do ar
- Sair de um lugar quente para um frio ou vice-versa
- Ingestão de líquidos gelados com o organismo aquecido
Menstruação e fatores hormonais
- É comum às mulheres ter enxaqueca nas fases pré, durante ou pós menstruação
- As crises pioram quando começam a usar anticoncepcionais orais
- Há mulheres que, na menopausa, melhoram espontaneamente e voltam a ter crises ao iniciarem a reposição hormonal
O que fazer quando tiver uma crise
- Quem sofre de enxaqueca deve carregar medicamentos que aliviam a dor. Consulte o seu médico
- Procure um local fresco e escuro para recostar
- Coloque gelo sobre as áreas doloridas
- Tome o medicamento para crise recomendado pelo médico
- Beba água e coma moderadamente
- Descanse
Fonte: Ministério da Saúde
Botox como ferramenta
A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, comumente utilizada para correções faciais – as linhas de expressão do rosto. Popularizada pela marca Botox, sua utilidade como ferramenta de alívio da enxaqueca foi descoberta casualmente. Portadores da doença perceberam a redução das dores após aplicações para outras finalidades. O método é indicado para casos com frequência igual ou superior a 15 dias por mês de sofrimento e precisa ser aplicado a cada três meses, seguindo protocolo específico. A substância precisa ser injetada em 31 a 39 pontos espalhados por testa, nuca, ombro e lateral da cabeça. Ao todo, são utilizadas de 155 a 195 unidades de Botox.
O impacto na vida dos brasileiros
Estudo da My Migraine Voice, promovido pela Novartis em parceria com a Aliança Europeia para Enxaqueca e Cefaleia (European Migraine and Headache Alliance), mostra que 82% dos entrevistados brasileiros, portadores da doença, sofrem impacto da enxaqueca na vida social. Para 72%, crises também têm efeito negativo nos relacionamentos amorosos. Inclusive afetou a vida sexual de 56% dos pacientes. Foram entrevistadas 11 mil pessoas, no segundo semestre do ano passado, que sofrem com enxaqueca em 31 países, incluindo o Brasil, com participação de 851 pacientes.
O comportamento está diretamente ligado à enxaqueca. O combate às dores passa, também, por medidas simples relacionadas a sono, alimentação e mente.
MARIO PERES
Neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia
A enxaqueca atinge 30 milhões de pessoas no país. A maioria dos afetados tem de 25 a 45 anos. Após os 50, a taxa tende a diminuir, principalmente em mulheres. Quando se trata de crianças, ocorre em 3% a 10%, afetando igualmente ambos os sexos antes da puberdade. Após essa fase, o predomínio é no sexo feminino. Entre as mulheres, o problema chega a até 25%, mais que o dobro da prevalência entre os homens, segundo o Ministério da Saúde.
Outros números da pesquisa
- 56% relatam não conseguir cumprir todas as atividades diárias e realizar hobbies
- 54% se sentem impossibilitados de comparecer a eventos sociais
- 30% não conseguem praticar exercícios físicos
- 42% associam enxaqueca à depressão
- 20% têm autoestima baixa
- 45% afirmam ter redução de desempenho no trabalho
- 17% alegaram faltar ao trabalho devido à doença
- 70% foram ao pronto-socorro nos últimos 12 meses
- 52% pernoitaram no hospital
Fonte: My Migraine Voice