Quando não é consequência de doenças ou outras condições que prejudicam a absorção de nutrientes, a osteoporose geralmente tem uma explicação clara: dieta pobre em ingestão de cálcio. Segundo um estudo feito pela Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), o consumo de cálcio no Brasil está abaixo do ideal, o que refletirá em maior índice de osteoporose no futuro. Dados sugerem que, no país, pessoas acima de 20 anos ingerem apenas 500mg de cálcio por dia, enquanto o ideal para adultos seria de 1000mg – o que representa, mais ou menos, quatro copos de leite. Parece bastante, mas há cálcio também em outros laticínios, como queijo e iogurte e, em menor quantidade, também em peixes, vegetais verde-escuros e amêndoas, por exemplo.
– Em geral, de duas a três porções de leite ou derivados ao dia é suficiente, pois as outras fontes não lácteas também trazem cálcio – diz Marise Lazaretti, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
E, quanto mais tarde se passa a prestar atenção nisso, mais difícil será tratar o problema.
– Não adianta muito pensar, quando o paciente já está com 65 anos anos ou mais, se está bebendo leite. Isso tem que ser visto lá na infância, na adolescência. Só assim é possível prevenir a osteoporose – resume Briele Keiserman, reumatologista do Hospital Ernesto Dornelles.
Os médicos explicam que o hábito de beber leite costuma ser seguido com regularidade pelos brasileiros na infância, mas depois a ingestão diminui – e o restante do cardápio do dia, mesmo quando inclui outros laticínios, dificilmente terá a quantidade diária recomendada de cálcio.
Como alternativa ou como reforço à ingestão de leite, dependendo de cada paciente, pode ser recomendado o consumo de alimentos fortificados com cálcio, como bebidas de soja, amêndoas e até mesmo os próprios laticínios em versões enriquecidas.
Para ajudar a calcular o consumo diário de cálcio, a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso) disponibiliza uma tabela nutricional online, para todas as faixas etárias, com o objetivo de facilitar o cálculo de ingestão de cálcio, de acordo com o consumo diário e individual dos alimentos que contêm esse mineral. Na ferramenta, há cerca de 210 produtos, entre leites, iogurtes, leite fermentado, queijos e outros itens, como sucos, requeijão, achocolatados. A tabela com os dados está disponível em bit.ly/campanhabrasso.
E os veganos? E os intolerantes à lactose?
Quem tem restrições quanto ao consumo de produtos de origem animal – ou especificamente quanto ao leite – precisa repor o cálcio de alguma maneira. Essa é uma preocupação fundamental durante os anos em que os ossos estão se formando, mas deve ser seguida por toda a vida.
– Quando a pessoa não pode consumir laticínios, especialmente durante a primeira infância e adolescência, tem que ter suplementação, que geralmente é feita com cálcio medicamentoso, porque senão a criança vai ter consequências sérias em relação ao esqueleto que está se formando. Para os idosos, a combinação dos fatores de tratamento pode aumentar a qualidade e expectativa de vida e diminuir o sofrimento – diz a presidente da Abrasso, Marise Lazaretti.
O consumo de alimentos fortificados com cálcio pode ajudar a manter a ingestão adequada, mas a suplementação costuma ser o caminho mais recomendado nesses casos.
A melhor maneira de ingerir cálcio é através da dieta. Os laticínios são a principal fonte do mineral, mas também é possível encontrá-los em vegetais verdes-escuros e peixes.
Em indivíduos com intolerância ou alergia, o uso de alimentos fortificados com cálcio pode ajudar a manter a ingestão adequada, como bebidas de soja e amêndoa fortificadas com cálcio. Incluir maiores doses de algum tipo de vitamina ou mineral na dieta por meio de suplementos, porém, é algo que deve sempre ser feito com orientação médica.
O que causa a osteoporose
A causa da doença é a diminuição da absorção de minerais e de cálcio, que provoca a fragilização dos ossos e aumenta o risco de fraturas. Nos homens, a partir dos 65 anos, o envelhecimento se acentua e eles podem ficar mais propensos à doença. Nas mulheres, depois dos 50 anos, é um período crítico, pois, além do envelhecimento, essa fase está associada à pós-menopausa, quando naturalmente a mulher já tem perda de osso. Em uma dieta pobre em cálcio, esse desfalque é mais acentuado, portanto a osteoporose chega com mais velocidade. Ocorre também que muitos casos de osteoporose são genéticos, decorrem de uma herança familiar de baixa massa óssea, e isso é um fator não modificável.
Fonte: Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso)