Ao contrário do que muitos fazem quando os dias são de "calor senegalês", que é correr para locais com ar-condicionado em busca de temperaturas agradáveis, uma turma de mulheres vai para um ambiente aquecido a, no mínimo, 40°C em pleno verão. E tem mais: elas buscam esta sala justamente para se exercitar. Assim é uma aula de hot ioga, modalidade que testamos dias atrás.
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Recém-chegada a Porto Alegre, a hot ioga existe desde a década de 1980 fora do Brasil. Desenvolvida pelo indiano Bikram Choudhury, esta prática consiste em realizar uma série com 26 posturas em uma sala climatizada com uma temperatura acima dos 40°C. Cada posição é feita duas vezes.
– A primeira serve para identificar os músculos trabalhados e a segunda para ultrapassar os limites do corpo – explica o instrutor e proprietário Hot Yoga Poa Studio, Renato Mano. A aula dura uma hora e meia, das quais completei cerca de 30 minutos.
COMO FOI
Passava das 18h quando chegamos ao estúdio pioneiro da prática na Capital. Na rua, fazia 33°C, já provocando um leve suor no meu corpo. Lá dentro da sala aquecida foi instantâneo: coloquei meus pés descalços no ambiente, e a transpiração brotou pelo rosto. Realmente, é muito, muito, muito quente.
Cabe salientar que eu nunca havia feito uma aula de ioga, o que talvez tenha facilitado a minha vida. Explico em breve. Depois de realizar uma rodada de exercícios de respiração, finalmente partimos para as posturas. Neste momento, já estava banhada em suor, bem como minhas colegas de turma, que, muito mais espertas, usavam shorts, e não calça longa.
Como disse, fui beneficiada pelo fato de jamais ter praticado ioga antes. Isso porque fiquei tão focada em realizar tudo com perfeição e senti tanto cada centímetro de músculo trabalhado, que o calor acabou sendo esquecido, o que contraria a experiência de Mano. Segundo o instrutor, em geral, um aluno leva em torno de cinco aulas para ficar confortável dentro daquele ambiente tão agressivo.
– Na primeira aula, você acha que não vai aguentar o calor. Na segunda, percebe que consegue e, aos poucos, vai se acostumando a ponto de conseguir suportar toda a aula sem ficar mal. Claro, sente calor, mas se adapta – comprova a psicóloga Maria Cláudia Gonçalves, que frequenta o estúdio desde dezembro do ano passado.
Além da situação desfavorável provocada pelo calor, os exercícios são puxados. Exigem força muscular, concentração e bastante equilíbrio. Muitas vezes, é preciso ficar em posição de agachamento na ponta dos pés. Braços e ombros também foram muito requisitados. Tudo é feito sem descuidar da hidratação.
Passados cerca de 30 minutos, resolvi jogar a toalha, literalmente. Empapada em suor, deixei a sala e algumas toxinas para trás. A sensação, além da dor muscular, foi de alívio e relaxamento absoluto – algo parecido ao que ocorre quando deixamos uma piscina.