Desde abril, quando o repórter da Rádio Gaúcha Luciano Périco começou o projeto Te Mexe, Gigante!, que o ajudou a adotar um estilo de vida mais saudável, especialistas de diversas áreas acompanharam o jornalista para que essa mudança de hábitos fosse feita de forma equilibrada, priorizando a saúde e o bem-estar.
Óleos vegetais reduzem colesterol, mas não risco cardiovascular
Vitamina D melhoria funções cardíacas
Quem come cereais integrais todos os dias pode viver mais
Os profissionais comentam o desafio e, a partir do exemplo de Lucianinho, dão dicas para quem pretende tomar uma atitude contra excessos à mesa e sedentarismo.
NUTRIÇÃO
Uma alimentação desregrada à base de carboidratos, gorduras e açúcar. Foi assim que a nutricionista do Hospital Moinhos de Vento Fernanda Schumacher encontrou Lucianinho no começo da jornada do projeto Te Mexe, Gigante!. O primeiro passo foi organizar as três refeições diárias acrescentando lanches entre as principais:
– Se eu consumir em torno de cinco refeições por dia, não vou chegar na próxima com muita fome, não vou comer exageradamente – explica a especialista, citando ainda que intercalar as refeições reduz a chance de consumir "aquilo que aparecer pela frente" em um momento de fome.
Outra adaptação que o jornalista precisou fazer foi trocar os alimentos refinados pelos integrais. Na prática, saíram o arroz branco, as massas e o pão tradicional e entraram as versões integrais, ricas em fibras, que aumentam a saciedade e ajudam no trânsito intestinal.
– Às vezes, as pessoas veem que as calorias de um pão branco e um integral são as mesmas. O ideal é não olhar as calorias, mas os benefícios que trazem para a saúde – orienta.
Lucianinho também precisou aprender a dividir o prato de uma forma diferente: metade de salada e o restante dividido entre carboidrato, proteína e leguminosas, como feijão e lentilha, por exemplo. Itens como fast food, refrigerantes e doces foram riscados do cardápio.
Agora, em vez de jantar em uma lanchonete, Lucianinho aposta em sanduíches caseiros recheados com muita salada ou sopas. Para os lanches intermediários, Fernanda acrescentou oleaginosas como nozes, castanhas e pistache, ricas em gorduras boas.
Segundo a especialista, também é possível usar frutas secas como damasco e uva passa, lembrando que deve-se cuidar a quantidade ingerida, pois elas contêm açúcar. Frutas são outra indicação para os lanches e o grande desafio da profissional. Lucianinho não se adaptou a nenhuma fruta.
– Elas são fonte de fibras, vitaminas e minerais. A gente pede que sejam consumidas cinco porções diárias. No dia a dia, também é possível usar iogurtes, granola e biscoitos integrais entre as refeições.
PERSONAL TRAINER
Colocar em movimento uma pessoa com mais de dois metros de altura e que foi sedentária a vida toda foi um dos grandes desafios do projeto Te Mexe, Gigante!. Como parte do tratamento para combater o diabetes, Lucianinho foi orientado a praticar exercícios físicos cinco vezes por semana: três na academia e mais dois dias de caminhada. Para o pontapé inicial, o coordenador técnico da academia Optima Fitness, Alexandre Travi, criou um circuito funcional com exercícios de fácil execução e mesclados com alguns minutos na esteira.
– Uma pessoa com o perfil dele tem uma opção só que é começar a cuidar da saúde ou aceitar que isso vai trazer riscos – destaca Travi.
Quem quiser seguir os passos do comunicador deve ficar atento a possíveis restrições como dores nos joelhos e pressão alta, por exemplo. Elas sinalizam que se deve buscar um médico antes de se aventurar dentro de uma academia. Pessoas sem esses sinais podem iniciar as atividades com uma caminhada leve. Ao procurar uma academia, Travi sugere que fique próxima de casa ou do local de trabalho do indivíduo, o que reduz os riscos de desistência.
– O exercício tem que ser encarado como um hábito de vida, como comer e dormir. No começo tem de forçar um pouquinho até virar rotina, o que leva de dois a três meses.
Procurar atividades que tragam prazer é outra estratégia para fugir das desculpas para matar a academia. E aí não tem receita de bolo: cada pessoa se satisfaz com um exercício diferente. O importante é não focar naquilo que vai fazer o ponteiro da balança cair mais rápido, mas naquilo que dê a sensação de bem-estar:_ A perda de peso é consequência. Por fim, busque sempre a orientação de um profissional de Educação Física e academias sérias que contem com estes profissionais.
CARDIOLOGISTA
Pressão alta, obesidade e diabetes. Esses foram os fatores de risco que levaram Lucianinho até o cardiologista do Hospital Moinhos de Vento Charles de Moraes Stefani. Entusiasmado em mudar o estilo de vida sedentário e regado a gorduras e guloseimas, o jornalista passou por uma série de exames que não apontaram nenhum problema do ponto de vista cardiovascular e pulmonar.
– Todos os itens foram normais, então, ficamos mais tranquilos – relembra Stefani.
A partir de uma ergoespirometria, exame feito na esteira capaz de avaliar o coração, pressão e as trocas ventilatórias, o comunicador foi liberado para praticar exercícios. Aliado à atividade física e reeducação alimentar, Lucianinho também iniciou um tratamento com uso de medicamentos para baixar a pressão, que apresentou resultados positivos logo na largada.
– O mais importante é o paciente acreditar que é preciso mudar e isso tem efeito a longo prazo. Criar um estilo de vida saudável não é uma modificação que ocorra de um dia para o outro. Ele (o Lucianinho) conseguiu a redução de peso, pressão, glicemia e circunferência abdominal em pouco tempo, mas com a tomada de decisão e determinação.
Todo mundo sabe, mas não custa lembrar que a melhor forma de prevenir problemas cardiovasculares é investir no combo alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos. Uma dieta com baixa ingestão de sal, carboidratos e gorduras saturadas ajuda a reduzir a pressão, níveis de colesterol e até o peso. De forma semelhante, agem as atividades físicas que, além de contribuir para estas variáveis, ainda liberam endorfina, substância que provoca a sensação de bem-estar.
– Isso tem efeito não só para os problemas cardiovasculares como para doenças clínicas, na prevenção do câncer, e emocionais como ansiedade e depressão – argumenta o médico.Além da obesidade, diabetes e pressão alta, o tabagismo e distúrbios do sono, como apneia, também são fatores de risco para problemas cardiovasculares.
ENDOCRINOLOGISTA
Sabendo da sua condição de obeso associada a um estilo de vida nada saudável, Lucianinho mergulhou no projeto Te Mexe, Gigante! motivado a fazer uma reavaliação do seu estado de saúde. Embora não tivesse nenhum problema evidente, exames apontaram para síndrome metabólica, que provoca uma série de alterações como aumento de pressão, colesterol e glicemia, que estava na casa dos 300 mg/dL em jejum, número muito alto para a condição dele.
– Todo indivíduo que é obeso, que tem história familiar de diabetes e que é sedentário, tem que abrir o olho porque está em alto risco de vir a ter diabetes _ alerta o endocrinologista do Hospital Moinhos de Vento Guilherme Rollin. Um dos grandes perigos da doença é que ela provoca um aumento importante da taxa de açúcar no sangue sem trazer nenhum sintoma:
– Ele é uma pessoa com fatores de risco para diabetes, mas não tinha nenhuma queixa importante para levá-lo ao médico. Essa alteração da glicemia é silenciosa, não podemos esperar os sintomas.Para não ser pego de surpresa, a orientação do especialista é que quem se encaixa nos fatores de risco procure um médico e faça um check-up a partir dos 35 anos. Com o aumento da obesidade entre jovens e adolescentes, existe a orientação para que eles iniciem um programa de monitoramento o mais cedo possível para evitar as complicações da doença que vão desde problemas cardiovasculares até a cegueira.
– Uma mensagem fundamental é que quanto mais cedo tu consegues controlar, menor o risco de ter complicações no futuro. Temos de ser rigorosos no início do tratamento – finaliza.