Uma vacina nasal contra a coqueluche foi testada com sucesso em humanos, e uma única dose poderá ser suficiente para proteger os bebês com menos de seis meses, de acordo com estudo preliminar divulgado nesta quarta-feira no periódico científico on-line Plos One.
Doença respiratória altamente contagiosa e de origem bacteriana, a coqueluche continua a atingir milhões de pessoas e é responsável por cerca de 300 mil mortes todos anos no mundo, sobretudo, nos bebês muito novos para serem imunizados pelas vacinas atuais. A doença está em intensificando há alguns anos em vários países ocidentais, como Estados Unidos, Austrália, Grã-Bretanha, França e também no Brasil.
Geneticamente modificada e especialmente concebida para uma administração nasal, a vacina experimental foi preparada por uma equipe de pesquisadores europeus no âmbito de um consórcio europeu liderado por pesquisadores do Inserm. Segundo a coordenadora do projeto Child-Innovac, Camille Locht, a vacina foi aplicada com sucesso em 48 pessoas adultas em um teste de fase 1, que permitiu mensurar, sobretudo, sua inocuidade.
Os adultos foram distribuídos em quatro grupos: um recebeu um placebo, enquanto os outros três receberam diferentes doses da vacina. Depois de seis meses de acompanhamento, os resultados mostraram que uma única dose nasal seria suficiente para induzir, rapidamente, uma resposta imunológica e que a vacina não apresentava qualquer efeito colateral, mesmo uma forte dose.
A próxima etapa consistirá em "otimizar" a dose necessária e "estabilizar" a vacina para planejar seu desenvolvimento industrial, informou a pesquisadora. Entre as vantagens da vacina, a pesquisadora destaca sua facilidade de administração e um custo bem mais baixo do que o das outras vacinas disponíveis no mercado. As vacinas existentes precisam de três injeções no total, geralmente realizadas nos dois, três, ou quatro meses, para obter uma proteção a partir dos seis meses.
A coqueluche pode ser fatal nos bebês mais jovens.
Inicialmente criada para a luta contra a coqueluche, a vacina nasal também poderá ser utilizada para prevenir outras infecções respiratórias, como a bronquiolite no recém-nascido (basicamente fruto do vírus VRS), um "efeito positivo que não antecipamos", completou a pesquisadora.