* Ex-editora do Vida e maratonista, Daniela vive correndo
De tudo o que podemos fazer com nossas próprias pernas e alguns pilas no bolso, não tenho dúvida em afirmar, com convicção, de que viajar é a melhor das experiências. Voltei na semana passada do Japão, quando visitei a frenética cidade de Tóquio e a bela Kyoto.
Durante 16 dias, sem trégua, peregrinei pelas imensas avenidas e ruelas misteriosas da megalópole japonesa, entrei em contato direto e inédito com uma cultura milenar e me surpreendi a cada momento.
Não tenho palavras para descrever tudo o que vi, com todos os detalhes e nuances jamais revelados em qualquer filme ou documentário sobre o país. Na companhia do meu marido, saímos a todo momento da rota turística e nos perdíamos de propósito, muitas vezes sem rumo, descobrindo que não saber para onde ir pode ser uma boa estratégia para desvendar uma nova rota, um novo horizonte, deparar com uma cidade pulsante e, ao mesmo tempo, pacata. Na minha visão, o mais bacana de uma viagem é conhecer a forma de vida dos habitantes, como eles se movimentam, se vestem, onde fazem as refeições, como vão trabalhar. Nada de guia enlatado: o lado "B" sempre é o mais interessante.
A cada viagem que faço, seja para fazer puro turismo ou correr uma maratona, confirmo a tese de que para crer, é preciso ver. E isso não deve ser feito de táxi ou de carro: andar a pé, caminhando ou correndo, é a melhor forma de sentirmos a pulsação de um lugar, sentir o vento bater no rosto, ouvir o barulho dos pés em contato com o solo. Se esse local for provido de natureza generosa, melhor ainda. Se você gosta de correr, experimente disputar provas fora da sua cidade. Comece naquelas mais próximas e economize seu rico dinheirinho para testar maratonas internacionais. Para 2014, o calendário promete: dezenas de opções no Brasil e no exterior são um prato cheio para aliar turismo e esporte. Aliás, essa é uma tendência fortíssima: nos últimos cinco anos, mais do que duplicou a quantidade de atletas amadores dispostos a desbravar circuitos em outros Estados e países. Os depoimentos são sensacionais.
É emocionante saber que um amigo bateu um recorde em terra desconhecida, que experimentou novas sensações, conheceu paisagens indescritíveis e cruzou a linha de chegada com lágrimas escorrendo.
Se viajar é bacana caminhando, imagine correndo. Se você ainda não pensou na hipótese, procure se informar. Às vezes, o investimento vale muito mais a pena do que trocar o modelo do carro ou comprar um sofá novo para a sala. No final das contas, sai barato, porque essa experiência, ao contrário de coisas materiais, ninguém vai tirar de você.
Como falou um amigo: "você ouviu seu coração, e olha para onde ele te levou". Penso que devemos ouvir mais o que bate do lado esquerdo do peito. No final das contas, é ele quem manda nisso tudo, não é mesmo?
Em movimento
Daniela Santarosa: onde o coração leva quem o ouve
Experimente provas em outro lugar, se você gosta de correr
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