Bem-estar nutricional: estado orgânico em que as funções de consumo e de utilização de energia alimentar e de nutrientes se fazem de acordo com as necessidades biológicas do indivíduo.
O verbete oferecido pelo glossário temático de alimentação do Ministério da Saúde reforça a ideia de que o peso de uma dieta equilibrada não pode ser tomado pelo número que aparece no visor quando você sobre na balança. Por isso, mais importante do que apresentar estatísticas sobre o aumento das taxas de obesidade da população, é estimular hábitos alimentares que possam refletir em mais saúde e qualidade de vida.
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É claro que a obesidade representa perigo à saúde - 80% dos obesos mórbidos são doentes graves. Isso não significa, no entanto, que os esbeltos estejam livres da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e câncer, que têm nos hábitos alimentares os principais fatores de risco. O mais importante nesse quesito não é o valor calórico dos alimentos, mas a composição nutricional.
- A magia dos alimentos está no equilíbrio, na variedade da alimentação - define o nutrólogo Paulo Henkin.
O médico salienta que cada nutriente tem uma função específica no organismo, portanto, é preciso olhar para certas nomenclaturas e pré-conceitos com cautela.
- Não há mocinhos nem bandidos. As vitaminas D, A e E, por exemplo, só são absorvidas pelas células se houver gordura saturada no organismo, e as gorduras quase sempre são vistas como vilãs da boa alimentação - comenta Henkins.
Só que zelar pelo equilíbrio nutricional no dia a dia exige disciplina. Nesse ponto, a experiência de quem chegou ao limite e teve que mudar de hábitos em troca de uma vida mais leve, serve como exemplo de que é possível comer - e viver - melhor.
Mais leve na balança e na rotina
O excesso de peso estava literalmente tirando o sono do profissional de informática Alexandre Rosa. Tomar remédios para pressão alta e colesterol elevado aos 42 anos era outra situação que lhe causava desconforto. Para reverter a situação, ele entrou em um programa que lhe apresentou outra dimensão de emagrecimento: a mente magra.
- A adaptação da cabeça é demorada e requer muito mais esforço, por outro lado é a que traz os melhores resultados - comenta Alexandre.
"Emagrecer a mente" é um conceito trabalhado pelo Centro de de Recuperação e Estudos de Obesidade (Creeo), criado há 23 anos pelo assistente social Marcelo Kessler. Até pela experiência anterior de seu fundador, a estratégia do Creeo no tratamento de obesos é similar à recuperação de dependentes químicos: corte radical de alimentos, principalmente carboidratos, e grupos de apoio com muito suporte psicológico.
- Esses grupos cumprem papel decisivo, pois permitem ver sua história refletida na dos outros e até seguir alguns exemplos - diz a psicóloga Gabriela Damasceno.
A advogada Sophia Vial, 23 anos, assina embaixo:
- Você não quer chegar aqui no grupo e dizer que fraquejou.
Sophia não queria fazer feio também nas redes sociais, onde, após cada seção no Creeo, compartilhava quantos quilos tinha perdido. Em seis meses de tratamento, foram 47 quilos - bem mais do que os cinco que ela pretendia perder para caber no vestido de formatura.
- Os benefícios vão muito além da estética. Antes eu mal conseguia caminhar sem ofegar, agora eu corro cinco quilômetros, durmo melhor e não tenho tanta dor nas costas, sem contar que o gordo é um pouco mal visto na sociedade, então estar dentro de um padrão te faz sentir melhor - conta Sophia.
Conforme a nutricionista Mariana de Castro, os efeitos positivos para além da perda de peso decorrem de um programa focado não só em comer menos, mas em comer o que é necessário.
- Com o tempo, o paciente percebe por si mesmo que é melhor abdicar de alimentos que não fazem falta ao organismo em troca de outros mais saudáveis - diz a especialista.
Quilos a menos
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