Daniel de Freitas Gomes Soares (*) e Cláudio Telöken (**)
A disfunção erétil (DE) é uma condição que atinge milhões de homens no mundo, mas continua cercada de silêncio e estigma. Muitos enfrentam o problema sem buscar ajuda, por vergonha, medo de julgamentos ou por acreditarem que é uma consequência inevitável do envelhecimento. Contudo, a condição tem um impacto profundo na qualidade de vida, no bem-estar emocional e nos relacionamentos afetivos.
Estudos já demonstraram que a maior parte dos homens não consegue resolver o problema sem ajuda médica, o que revela a necessidade de se desmistificar o assunto para promover o diálogo e o tratamento.
A DE pode ser causada por uma série de fatores, como doenças crônicas (diabetes, hipertensão, obesidade), distúrbios hormonais, efeitos colaterais de medicamentos, além de causas psicológicas, como depressão e ansiedade. Não há dúvidas de que o estresse e o estilo de vida moderno têm também um peso importante, especialmente em um cenário em que os homens se sentem extremamente cobrados, pessoal e profissionalmente.
Apesar disso, muitos evitam procurar ajuda. Parte desse receio vem da ideia equivocada de que falar sobre problemas sexuais é admitir fraqueza ou perda de masculinidade. Esse silêncio é até perigoso, pois a DE pode ser um sinal precoce de problemas de saúde ainda mais sérios. A impotência sexual pode ser a manifestação inicial da aterosclerose, doença que causa obstrução das artérias e que, se não tratada, por vezes resulta em eventos graves como infarto ou AVC.
O impacto da disfunção erétil, no entanto, vai além da saúde física, podendo afetar os relacionamentos e a estrutura familiar. A dinâmica conjugal sofre com a frustração, o afastamento e a insegurança. Um homem que sofre de DE frequentemente se isola, evita a intimidade e pode até desenvolver quadros de depressão. A parceria muitas vezes se sente culpada ou rejeitada, o que determina perda de intimidade e piora da comunicação entre o casal. Nessas situações, é crucial que ambos se sintam acolhidos e que o tratamento seja pensado de forma integrada, considerando o bem-estar dos dois.
Com os avanços nas terapias e a ampliação de opções de tratamento, nunca foi tão possível recuperar a saúde sexual e viver com plenitude. O importante é entender que a disfunção erétil não define a masculinidade, e que buscar ajuda é um sinal de força e cuidado consigo mesmo.
O avanço da medicina trouxe alternativas para o tratamento que vão além dos tradicionais comprimidos. Embora eficazes para muitos pacientes, esses medicamentos podem não ser suficientes para todos, especialmente aqueles com condições cardiovasculares, diabetes ou que tenham sido submetidos a cirurgias de próstata. Diversas terapias regenerativas também vêm sendo estudadas, com potencial para reverter o dano aos tecidos eréteis e estimular a recuperação da vascularização peniana. Embora algumas ainda estejam em fase experimental, são tratamentos que renovam a esperança de uma solução definitiva não cirúrgica.
Por fim, para casos em que os tratamentos convencionais e inovadores não são eficazes, as próteses penianas continuam sendo uma solução viável e segura. As infláveis, por exemplo, permitem ao paciente controlar a rigidez peniana com grande precisão, oferecendo uma vida sexual extremamente satisfatória.
O primeiro passo, portanto, para qualquer tratamento eficaz é superar o tabu e o silêncio. O diálogo com profissionais de saúde e o apoio de parceiros são fundamentais para recuperar a confiança e melhorar a qualidade de vida. Com os avanços nas terapias e a ampliação de opções de tratamento, nunca foi tão possível recuperar a saúde sexual e viver com plenitude. O importante é entender que a disfunção erétil não define a masculinidade, e que buscar ajuda é um sinal de força e cuidado consigo mesmo.
Os homens não precisam mais viver com o fardo da DE em silêncio. O tratamento está ao alcance, e o futuro promete soluções ainda mais efetivas para aqueles que estão dispostos a dar o primeiro passo.
(*) Urologista da Andrologia Moinhos e dos hospitais Moinhos de Vento e Santa Casa de Porto Alegre, integrante do programa Novos Talentos da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM)
(**) Professor de Urologia da Universidade Federal de Ciência da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e titular da ASRM
Parceria com a Academia
Este artigo faz parte da parceria firmada entre Zero Hora e a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (ASRM) em março de 2022. Uma vez por mês, o caderno Vida publica conteúdos produzidos (ou feitos em colaboração) por médicos da entidade, que completou 30 anos em 2020, conta com cerca de 90 membros de diversas especialidades (oncologia, psiquiatria, oftalmologia, endocrinologia, otorrinolaringologia etc.) e atualmente é presidida pela endocrinologista Miriam da Costa Oliveira, professora e ex-reitora da UFCSPA. Os textos são assinados por um profissional integrante do Programa Novos Talentos da ASRM, que tem coordenação do eletrofisiologista Leandro Zimerman, e por um tutor com larga experiência na área.