O cinema e a literatura desempenham papel importante na derrubada de mitos, na conscientização sobre a aids e no desenvolvimento da empatia em relação às pessoas que convivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês).
No campo do cinema, sobretudo quando os filmes ganharam a visibilidade de premiações como o Oscar e o Emmy. O mesmo pode ser dito da literatura, com obras abordando a temática sendo destacadas em láureas como o Prêmio Jabuti.
Aqui está uma lista com oito filmes disponíveis para assistir no streaming ou lançados em DVD no Brasil. Ao longo da reportagem, você confere também uma lista de oito livros imperdíveis sobre o tema.
Oito filmes para entender o HIV e a epidemia de aids
Meu Querido Companheiro (1989)
De Norman René. Foi o primeiro filme sobre aids e homofobia a receber amplo lançamento nos cinemas. A trama se passa no começo dos anos 1980, quando amigos gays lidam com as primeiras perdas provocadas pela doença.
O elenco reúne Bruce Davison (indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante), Dermot Mulroney, Campbell Scott e Mary-Louise Parker. (Lançado em DVD no Brasil pela Cultclassic).
E a Vida Continua (1993)
De Roger Spottiswoode. Estrelado por Matthew Modine, Richard Gere, Alan Alda, Ian McKellen, Anjelica Huston e o músico Phil Collins, destaca a descoberta do vírus HIV e o pânico que marcou os anos iniciais da epidemia. Ganhou o Emmy de melhor telefilme. (Max)
Filadélfia (1993)
De Jonathan Demme. Tom Hanks venceu o Oscar como um advogado gay que é demitido de uma firma prestigiada por estar doente. Denzel Washington interpreta o advogado homofóbico que vai levar seu caso ao tribunal. Também levou o Oscar de melhor canção - Streets of Philadelphia, de Bruce Springsteen, que tinha entre os concorrentes outra música do filme, Philadelphia, de Neil Young. (Max)
Cazuza: O Tempo Não Para (2004)
De Sandra Werneck e Walter Carvalho. Cinebiografia do cantor e compositor brasileiro, do início da carreira, em 1981, com a banda Barão Vermelho, à morte em decorrência da aids, em 1990, aos 32 anos. Protagonizado por Daniel de Oliveira, o filme sobre Cazuza conquistou mais de 20 prêmios e atraiu 3 milhões de espectadores aos cinemas. (Amazon Prime Video)
Clube de Compras Dallas (2013)
De Jean-Marc Vallé. Em 1985, o resultado positivo para o vírus HIV era uma sentença de morte. O estadunidense Ron Woodroof, um típico caubói machão e homofóbico, foi informado de que teria 30 dias de vida. Graças a tratamentos pioneiros, Woodrof sobreviveu mais sete anos. Este drama sobre perseverança venceu três categorias do Oscar - melhor ator (Matthew McConaughey), ator coadjuvante (Jared Leto) e maquiagem - e concorreu em outras três, incluindo melhor filme. (Amazon Prime Video)
The Normal Heart (2014)
De Ryan Murphy. O criador das séries Glee, American Horror Story e Monstros dirige este telefilme ambientado na Nova York dos anos 1980. Vários ativistas gays e aliados lutam para contar a verdade sobre a epidemia para um país que se recusa a enxergar os fatos. Ganhou o Emmy e é estrelado por Jim Parsons (o Sheldon do seriado The Big Bang Theory), Matt Bomer, Mark Ruffalo e Julia Roberts. (Max)
120 Batimentos por Minuto (2017)
De Robin Campillo. Na França dos anos 1990, o grupo ativista Act Up se esforça para que a sociedade reconheça a importância da prevenção e do tratamento da aids. O filme traz no elenco Nahuel Pérez Biscayart e Adèle Haenel (de Retrato de uma Jovem em Chamas). Ganhou o prêmio especial do júri e a Palma Queer no Festival de Cannes e seis troféus César, o principal do cinema francês. (MUBi e Reserva Imovision)
Carta para Além dos Muros (2019)
De André Canto. Documentário sobre a trajetória da aids no Brasil, recuperada por meio de entrevistas com médicos, pacientes e ativistas – de Drauzio Varella a Lucinha Araújo, a mãe de Cazuza –, além de rico material de arquivo. (Netflix)
Oito livros para entender o HIV e a epidemia de aids
O Tempo Não Para: Viva Cazuza
Cazuza morreu em julho de 1990. Sua mãe, Lucinha Araújo, conta como tomou a frente da ONG que dá suporte a crianças e adolescentes portadores do HIV e qual era seu sentimento logo que a doença se tornou epidemia. A obra reúne histórias das crianças atendidas pela Sociedade Viva Cazuza, questionamentos da autora e depoimentos de pessoas que cruzaram e deixaram impressões na vida do cantor. Editora: Globo livros.
Enquanto houver vida viverei
Por causa de um acidente de moto, Tinho recebeu uma transfusão de sangue. Dois anos depois, descobriu que era portador de HIV. A reação da família, dos amigos, da namorada e as dificuldades, o preconceito e a disposição para enfrentar uma nova realidade estão na obra de de Júlio Emílio Braz. Editora: FTD Educação.
Rotinas em HIV e aids
A obra de Eduardo Sprinz, Alessandro Finkelsztejn e colaboradores mostra que muitas coisas aconteceram desde o início da epidemia de aids e o tratamento dessa síndrome progrediu de forma magnífica. O livro traz informações voltadas aos profissionais que atuam no tratamento da aids e de suas complicações. Editora: Artmed.
Depois daquela viagem
A adolescente Valéria narra como contraiu o vírus HIV durante uma relação sem preservativo com o namorado e conta como convive com a doença. De Valéria Piassa Polizzi, o livro é considerado uma leitura indispensável para a educação de adolescentes. Editora: Ática.
Estação Carandiru
Em 1989, o médico Drauzio Varella iniciou, na Casa de Detenção de São Paulo, um trabalho voluntário de prevenção à aids. Entre os mais de 7,2 mil presos, conheceu pessoas como Mário Cachorro, Roberto Carlos, Sem-Chance, seu Jeremias, Alfinete, Filósofo, Loreta e seu Luís. Lançado em 1999 e transformado em filme em 2003, por Hector Babenco, Estação Carandiru recebeu o Prêmio Jabuti 2000 de livro do ano. Editora: Companhia das Letras.
O tribunal da quinta-feira
Um publicitário faz confissões por e-mail ao melhor amigo. O fio condutor da história de Michel Laub, que une o destino dos personagens diante de um tribunal inusitado, são os reflexos tardios e ainda incômodos da epidemia da aids. O que está em jogo são os limites do que entendemos por tolerância. Editora: Companhia das Letras.
Gostaria que você estivesse aqui
Na década de 1980, no Rio de Janeiro, o tempo é de contradições. A efervescência musical e uma febril vontade de viver unem-se à aterrorizadora epidemia de aids. Fernando Scheller aborda, por meio de cinco personagens – de idades, aspirações e mundos diferentes –mudanças completas da vida. Editora: HarperCollins.
Os meninos adormecidos
Anthony Passeron mescla pesquisa sociológica e história íntima para retraçar o passado recente e trágico de sua família e reconstituir o momento histórico da descoberta do vírus HIV no início dos anos 1980. Comovente, a narrativa evoca a solidão das famílias em uma época marcada pela completa ignorância sobre o vírus, a negação avassaladora e a marginalização dos infectados. Editora: Fósforo.