A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou, nesta quarta-feira (22), a segunda morte por leptospirose no Estado desde o início das enchentes. A vítima é um homem de 33 anos, morador de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo.
A confirmação ocorre após o resultado positivo na amostra analisada pelo Laboratório Central do Estado (Lacen). De acordo com a prefeitura de Venâncio Aires, o homem foi internado no dia 14 de maio no hospital do município São Sebastião Mártir, e faleceu na última sexta-feira (17). Ele chegou a procurar o sistema de saúde no dia 9 de maio com suspeita de dengue.
O primeiro óbito confirmadode leptospirose no RS foi de um morador do município de Travesseiro, no Vale do Taquari. Esses são os dois primeiros casos de óbitos pela doença que ocorreram no Estado desde o início das enchentes, no final de abril deste ano.
Conforme o monitoramento do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), vinculado à SES, até o final da tarde de terça-feira (21), foram confirmados 29 casos de leptospirose no Estado.
Ainda que a leptospirose seja uma doença endêmica, com circulação sistemática, episódios como a dos alagamentos aumentam a chance de infecção. A SES pede que a população procure um serviço de saúde logo nos primeiros sintomas: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios.
O que é a doença e como se prevenir
A leptospirose é uma enfermidade infecciosa transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais – principalmente ratos – infectados pela bactéria Leptospira. Situações de enchentes aumentam os casos. A doença apresenta risco de letalidade que pode chegar a 40% nos casos mais graves, segundo o Ministério da Saúde (MS).
A bactéria pode entrar no corpo humano por meio de cortes ou arranhões e através das mucosas, sobretudo a boca. Os sintomas mais comuns são a febre alta, dor muscular (principalmente na panturrilha), dor abdominal, icterícia (coloração amarelada na pele), calafrios, fadiga, diarreia, náuseas e vômito. Especialistas indicam que casos suspeitos devem imediatamente buscar assistência média. O período de incubação é de sete a 14 dias, mas alguns sinais podem levar até um mês para aparecerem.
Segundo o Ministério da Saúde, a evolução para quadros graves ocorre em 15% dos casos. A manifestação clássica da leptospirose nesse tipo de paciente é a síndrome de Weil, caracterizada pela chamada tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa - icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar.
As manifestações da leptospirose variam de formas assintomáticas até quadros graves que podem levar o paciente à morte. O diagnóstico é feito a partir da coleta de sangue no qual é verificado se há presença de anticorpos para leptospirose (exame indireto) ou a presença da bactéria (exame direto).
A limpeza da lama de enchentes deve ser feita com equipamento de proteção, pois a bactéria pode infectar superfícies como móveis, paredes e chão. Para isso, deve-se usar luvas e botas de borracha e lavar o local com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicionar duas xícaras de chá (400mL) de hipoclorito de sódio a 2,5%. A solução deve agir por 15 minutos.