Por conta do atendimento a moradores de outros municípios, o sistema de saúde de Porto Alegre está "sobrecarregado", afirma o secretário de Saúde da Capital, Fernando Ritter. Em entrevista ao programa Atualidade, na Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (2), ele chamou atenção para a situação crítica das emergências dos hospitais da cidade, que registram 203% de ocupação – número considerado muito alto, especialmente para esta época do ano.
— Isso nunca aconteceu na história de Porto Alegre, no período de início de abril e, realmente, nos preocupa — pontua.
De acordo com Ritter, o tempo de espera pode passar de seis horas para casos menos graves, uma vez que há priorização dos mais graves. Segundo o secretário, pacientes dos municípios vizinhos, principalmente Alvorada, Cachoeirinha e Viamão, são responsáveis pela lotação das emergências e maternidades da Capital.
O Hospital de Alvorada, na Região Metropolitana, passou por uma troca de gestão conturbada na segunda-feira (1°), o que causou restrição no atendimento aos pacientes. Também devido a uma mudança na administração e a problemas no pagamento dos funcionários, os atendimentos no Hospital Padre Jeremias, em Cachoeirinha, estavam restritos apenas para casos graves na segunda-feira. Ambos os hospitais eram geridos pela Fundação Universitária de Cardiologia (FUC).
Ritter explica que muitos pacientes chegam em Porto Alegre com casos mais graves e acabam precisando de internação. Ele sugere que uma alternativa viável seria aguardar a estabilização dos quadros desses pacientes e, posteriormente, transferi-los para os hospitais de suas respectivas cidades para continuar o tratamento, evitando que eles fiquem desassistidos.
— Eu acho que precisamos colocar o paciente de volta aos seus locais, porque Porto Alegre não aguenta mais. Nós não teremos condições para poder suportar isso, se continuar ainda por muitos dias — defende.
Ele acredita que, pelo menos, cem pacientes poderiam ser realocados.
Conforme os dados apresentados pelo secretário, receber pacientes de outros locais é mais oneroso para o município. Ritter afirma que o custo de um paciente que vem de fora da Capital é 80% maior do que de um paciente de Porto Alegre. Além do valor, esses pacientes impactam no giro de leito, termo utilizado para se referir à rotatividade ou ao movimento de pacientes internados.
— Se isso não acontecer (uma mudança) de hoje até o final de semana, vai ser tão ruim quanto o final de semana passado, que foi um horror. E eu não consigo mais dar resposta pela estrutura física que os hospitais de Porto Alegre têm. Eles esgotaram. A questão financeira é importante, mas a questão estrutural... Ela chegou, ultrapassou o limite. E não seremos responsabilizados por desassistência, por falta de qualidade — enfatiza.
Ritter afirma que a gestão de saúde do município fará uma reunião com o governo do Estado na quinta-feira (4) para tentar encontrar uma solução para o problema.