Desde a semana passada, a dona de casa Diulia Passos Magalhães, 34 anos, acompanha minuto a minuto a condição de saúde do seu filho Fagner Ravi dos Passos Andrade, nascido prematuro de 29 semanas no mês passado, em razão de um suposto erro durante um procedimento.
Uma técnica de enfermagem, segundo relato que a mãe diz ter recebido da direção do Hospital Municipal de Novo Hamburgo, teria injetado leite na veia do bebê por engano. Durante o final de semana, pela primeira vez desde que a intervenção deixou o menino entubado e sem movimentação, ele voltou a se mexer e trouxe algum alívio à família.
— Ele está se mexendo aos poucos, agora já movimenta a cabeça, o que antes não fazia, por exemplo — conta Diulia.
A moradora de Venâncio Aires, que desde o episódio já dormiu até em um banco público próximo ao hospital, antes de ganhar direito de usar um leito no estabelecimento, afirma que exames iniciais feitos no bebê apresentaram bons resultados.
Ela acrescenta que, até a tarde deste domingo (21), ainda aguardava pelo diagnóstico de eventuais danos cerebrais decorrentes do suposto equívoco — alvo de uma sindicância por parte do hospital. Conforme a Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH), responsável pela gestão do estabelecimento, o caso motivou a demissão da técnica de enfermagem.
Diulia se queixa de que a assistência dada pela instituição não ficou à altura do que havia sido prometido. Segundo ela, o pai do bebê, Vagner Andrade Lopes, 37 anos, não teve direito a uma cama e precisou dormir direto no chão.
— Reclamamos e disseram que nos trariam pelo menos uma poltrona, mas nem isso conseguimos — lamenta a dona de casa.
Compadecida da situação da família, uma acompanhante de um outro paciente que se encontrava no mesmo quarto ofereceu sua casa em Novo Hamburgo para os pais de Fagner poderem passar as noites até que o filho tenha alta.
Por meio de nota, a FSNH informou que "o bebê vem apresentando melhoras consistentes desde os primeiros momentos após o corrido (...). Em relação à acolhida dos pais, a FSNH informa que o hospital disponibilizou um leito e um local de acompanhante, composto de cadeira ou sofá, para a mãe e o pai, além de alimentação, para que os pais pudessem ficar mais perto do bebê. Mesmo os pais tendo recusado este abrigamento desde a noite deste sábado, o único possível para a instituição hospitalar, ele segue disponível".
O que aconteceu
Na quinta-feira (18), Diulia esteve no hospital para as visitas das 11h e das 14h. A mãe diz que estava tudo normal pela manhã. Porém, na segunda visita, já na parte da tarde, se surpreendeu ao encontrar o filho recebendo oxigênio e soro.
— Perguntei e disseram que o soro era para desidratação — declarou a mãe, conforme matéria publicada em GZH no sábado (20).
Quando ainda esperava o ônibus para retornar a Venâncio Aires, foi avisada de que deveria retornar ao hospital. Ao chegar lá, foi informada de que havia ocorrido um problema durante o atendimento.
— A médica me relatou o que tinha acontecido. A técnica, ao invés de colocar o soro, colocou leite. Por isso, ele precisou ser intubado. Foi o que me disseram. E aí no primeiro dia ele nem se mexia mais. Tinha atingido o pulmão — descreveu Diulia.