Na busca por uma pele livre de rugas e sem sinais de flacidez, muitas pessoas recorrem ao uso de colágeno, amplamente ofertado na indústria farmacêutica. A molécula de proteína, produzida naturalmente pelo corpo, é uma importante aliada no combate ao envelhecimento e também atua no fortalecimento de articulações e tendões.
Fernanda Musa Aguiar, dermatologista do Hospital Mãe de Deus e integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que o colágeno promove a estruturação da pele e representa 30% das proteínas presentes no corpo humano.
— O colágeno dá estrutura, suporte, resistência e firmeza à pele. Eu até brinco que é como se tivesse uma casa e o colágeno fosse o alicerce, só que para a pele — explica Fernanda.
A proteína também desempenha funções de fortalecimento em outros tecidos conjuntivos e está presente em tendões e articulações. Mariele Bevilaque, dermatologista do Hospital Moinhos de Vento e integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), descreve a atuação do colágeno nas articulações e tendões como um processo “de sustentação e amortecimento” destas regiões, para diminuir impactos e desgastes.
É na derme, camada intermediária da pele, que o corpo produz o colágeno. Estudos indicam que a proteína é abundante no organismo até os 35 anos, mas tende a diminuir o nível de produção a partir desta faixa etária. O envelhecimento da pele decorre desta baixa, e pode ser acelerado por fatores como exposição ao sol, má alimentação, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e realização de grandes esforços físicos.
Mas, quando usar colágeno?
A boa notícia é que é possível realizar a recomposição do colágeno que deixamos de produzir. Abundante em animais bovinos, suínos e peixes, a proteína é comercializada em diferentes formatos como cápsulas, em pó e bebidas. Há diferentes tipos de colágeno, sendo os 1 e 3 mais importantes à pele, e o 2 presente nas articulações.
Amplamente procurada para prevenir o envelhecimento, a proteína também é indicada para uso de pessoas que realizam esportes de alto rendimento, pacientes pós-operatório (especialmente bariátricos), mulheres na menopausa e homens na andropausa.
Nesta linha, Fernanda Aguiar alerta que o colágeno apresenta resultados limitados, mas satisfatórios quando associados a procedimentos estéticos de estímulo à proteína, o que não significa o fim definitivo das rugas. Segundo a especialista, é preciso alinhar as expectativas com os pacientes para que não haja frustações.
Atenção ao escolher o produto
Não há contraindicações ou comprovações de malefícios referentes ao uso do colágeno quando sozinho. No entanto, a proteína costuma ser vendida misturada a outros suplementos, como vitaminas C e D, que podem gerar problemas à saúde se consumidas com frequência.
— Muitas vezes estes suplementos chegam ao mercado com muitas outras vitaminas, por exemplo, C e E ou ácido hialurônico. Por causa destes componentes, tem que ter atenção na recomendação, o paciente pode ter uma intoxicação. Uma fórmula contendo exclusivamente colágeno não tem nenhuma prescrição, as vitaminas que podem ser prejudiciais — explica Fernanda Musa Aguiar.
Por conta desta suplementação que acompanha o colágeno, Vanessa cunha ressalta que o ideal é o paciente ingerir a proteína em períodos determinados, com pausas. Aos seus pacientes, ela indica o consumo por três ou seis meses seguidos com pausa de mesmo tempo, conforme cada caso.
No mercado farmacêutico, existe grande variedade de oferta do produto. As especialistas alertam que é importante ter atenção para as patentes que são aprovadas para uso no Brasil, já com a dosagem adequada à pele: peptan, com 10 gramas, e verisol, com 2,5 gramas.
Também é importante ter atenção a outro ponto: se a proteína está hidrolisada ou não. Fernanda explica que as moléculas do colágeno são “grandes”, então o organismo não consegue absorver. Por isso, ele é hidrolisado para que possa ser consumido e gerar os resultados esperados.
— Se comprar colágeno puro, vai só pagar caro para comer gelatina. O colágeno hidrolisado ele passa de 450 kilodaltons para entre três e seis, se transforma em peptídeos de colágeno e consegue ser absorvido — explica.
Por ter origem animal, a proteína tende a inviabilizar, por questões de estilo de vida, a prescrição para pessoas vegetarianas e veganas.
Texto editado com base em entrevistas realizadas em março de 2024