Quem nunca ficou sem jeito por estar com mau hálito ou não soube como avisar ao amigo que ele estava? A escovação correta é o maior aliado para combater o mau cheiro, mas em alguns casos pode não ser o suficiente, indicam dentistas ouvidos por GZH.
O mau hálito decorre da escamação de células e de bactérias que “apodrecem” em nossas bocas. Cerca de 90% dos casos são oriundos de inflamações bucais, como a gengivite e outras doenças na gengiva.
De acordo com Diego Liberman, Mestre e Especialista em Periodontia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apesar de existir um fator genético, boa parte dos casos de doenças de gengiva ocorrem devido à má escovação dos dentes, que favorece o acúmulo bacteriano no interior da boca.
Estas bactérias, em sua maioria, acumulam-se sobre a língua e formam a chamada saburra — uma crosta de células que descamaram e bactérias mortas.
— A língua fica esbranquiçada ou esverdeada, como sinal da presença da crosta, que tem potencial de gerar o mau hálito. O que causa o mau cheiro é putrefação dessas bactérias, ocasiona o cheiro de enxofre — explica Cassiano Kuchenbecker Rösing, professor da Faculdade de Odontologia da UFRGS e membro titular da Academia Gaúcha de Odontologia
Por isso, o especialista alerta que além dos dentes, é importante limpar corretamente a língua. Ele orienta a utilizar a escova ou um “raspador” para escovar a língua, que “não é autolimpante”.
Orientações
Apesar da principal forma de combater casos de gengivite e mau hálito ser a higiene bucal, com escovação adequada e uso de fio dental, há casos em que existe necessidade de outros métodos. Conforme Rösing, os sais de zinco estão entre os melhores neutralizadores do enxofre e podem ser prescritos por um dentista.
Longos períodos sem comer também podem beneficiar a proliferação e putrefação das bactérias. Um exemplo é quando acordamos com um hálito mais forte. Por isso, é importante tomar água frequentemente.
— Um bebê, por exemplo, acorda com mau hálito. Quando ele não engole todo o leite, ele azeda na boca e causa o cheiro. É a mesma situação de quando dormimos, ficamos muito tempo sem beber água ou comer — exemplifica Rösing.
Os especialistas alertam que não é natural ocorrer sangramentos na gengiva. Nestes casos, é importante procurar um profissional para receber o diagnóstico adequado e tratar o quadro, que pode indicar a gengivite ou outras doenças na gengiva.
Desmitificando o uso de alimentos como forma de eliminar mau hálito, Rösing alerta que mascar chiclete ou hortelã, por exemplo, apenas mascara o odor. Liberman segue na mesma linha e destaca que não há comprovação científica de que algum alimento é eficaz no combate ao mau hálito.
— Não existe nenhum neutralizador de cheiro do alimento, como cebola, alho ou cerveja, por exemplo. A pessoa não só tem o cheiro na boca, mas ela também exala o cheiro pela respiração — diz Rösing.