Infecção que se instala nos pulmões e realiza septicemia no sangue, a pneumonia pode ser contraída de quatro formas: através de vírus, de bactérias, fungos ou uso de compostos químicos, como entorpecentes. A doença, com sintomas similares aos de gripes e resfriados, atua na região dos alvéolos pulmonares e dificulta o contato do sangue com o oxigênio.
— Com muita frequência, é contraída por uma queda de resistência das defesas de vias áreas, que pode começar na cavidade nasal, seios da face e ir descendo pela traqueia até chegar nos alvéolos. Quando os espaços aéreos estão ocupados com secreção purulenta, dificultando a entrega de oxigênio para a hemoglobina sanguínea, surge a falta de ar denominada hipoxemia, situação de extrema gravidade — explica o médico José Miguel Chatkin, chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Os casos graves — ainda que não fatais — e as mortes são mais comuns em recém-nascidos e idosos. Conforme o pneumologista, crianças até um ano ainda não possuem o sistema imunológico “maduro”, enquanto pessoas acima dos 65 anos começam a apresentar “mau-funcionamento dos sistemas de defesa” devido à idade.
— No primeiro momento, os leucócitos vão atuar contra estes germes. À medida em que as defesas perdem a batalha, mais células brancas começam a tentar resolver. Se, por acaso, as defesas do organismo não são eficientes, por outro fator ou pela quantidade de germes inalados, eles passam para o sangue e realizam uma septicemia, se distribuindo em vários órgãos — comenta Chatkin.
Apesar da baixa taxa de transmissão de uma pessoa para outra, o pneumologista destaca que é importante manter alguns cuidados em caso de diagnóstico.
— Se a pessoa está tossindo e com secreção, deve usar máscara e quem estiver perto deve se afastar para não inalar as gotículas.
Sintomas e fatores de risco
Febre, mal-estar e tosse, sintomas similares aos de resfriados e gripes, são alguns dos sinais mais comuns da pneumonia. No entanto, o que diferencia as doenças são as “pontadas" na região do tórax e a evolução do quadro da tosse, que passa a ser mais intensa e causa desconforto, conforme Chatkin:
— Quando a infecção se desenvolve próximo da pleura, onde tem muitas regiões sensoriais, pode dar dor torácica, com a sensação de uma facada. O paciente também sente muita dor ao tossir ou respirar fundo. Antigamente dizia-se pontada (como sinônimo para pneumonia), é exatamente isso. O resfriado comum demora em média 48h, no máximo, e a febre é bem mais leve.
Outros sintomas característicos é a secreção amarela ou esverdeada, alteração na pressão arterial, falta de ar e mal-estar, que indicam um quadro mais grave da infecção.
Alguns fatores, como fumar — tabaco ou cigarro eletrônico — e consumir álcool de maneira excessiva, facilitam a contração da infeção e podem desencadear casos mais graves. Confira os principais fatores de risco:
- Tabagismo: provoca inflamação no sistema respiratório e facilita a entrada de vírus e bactérias
- Consumo de bebidas alcóolica: diminui a eficiência do sistema imunológico
- Permanência em ambientes com ar-condicionado
- Gripes malcuidadas: podem evoluir para um quadro de pneumonia
- Mudanças bruscas de temperatura
- Tratamento quimioterápico ou radioterápico: diminuem o poder de defesa do organismo
- Má alimentação
— A mudança brusca de temperatura diminui o movimento dos cílios que existem no organismo. Existe um sistema nas vias aéreas, parecido com uma escada rolante, que vai subindo secreção para expelir. Quando há frio, esse sistema para de funcionar e a pessoa não expectora, então a bactéria começa a se multiplicar.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico ocorre, na maior parte dos casos, a partir de uma avalição médica. No entanto, há situações em que é necessário realizar exames, como auscultação dos pulmões, radiografia do tórax e exame de sangue, para identificar o grau de gravidade da pneumonia e o tipo – bacteriana ou viral –, que indicará o tratamento a ser seguido.
Apesar de ser “potencialmente curável com antibióticos”, a pneumonia ocasiona muitas mortes. De acordo com dados do Governo Federal, mais de 600 mil pessoas foram internadas no Sistema Único de Saúde (SUS) em função de complicações da doença em 2022. Destes pacientes, 45 mil morreram.
A partir do diagnóstico, conforme o caso de cada paciente, o médico deve identificar qual é o antibiótico mais eficiente. Para evitar casos graves, é indicado realizar uma consulta no início dos sintomas.
— Na maior parte dos casos, a pneumonia pode ser resolvida com medicação via oral. Mas, se não há a melhora rápida, em dois ou três dias, é necessária a internação com medicação venosa. Não é adequado esperar que os sintomas evoluam para fazer o diagnóstico, acende uma luz vermelha porque são sintomas graves — alerta o especialista.
Conforme o pneumologista, o fortalecimento do sistema imunológico é a principal forma de evitar a contração ou casos graves de pneumonia. Ele saliente que é importante manter uma alimentação balanceada e evitar substâncias que degradem o organismo, como entorpecentes e cigarro.
*Produção: Lucas de Oliveira