Com as crianças saindo mais de casa após dois anos de pandemia e, por consequência, expondo-se mais, as emergências pediátricas passaram a operar além da capacidade máxima em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Apesar de ser um problema esperado pela maior socialização, especialistas alertam que a maioria dos pacientes que busca atendimento de urgência não precisaria passar pelo tempo de espera e poderia tratar os sintomas em casa, com menos exposição ao ambiente hospitalar e agilizando a consulta dos casos realmente graves.
— O resfriado comum não é motivo de consulta de emergência. Isso acaba dificultando o acesso daquelas que realmente precisam. O maior problema me parece ser esse — explica a doutora Berenice Dias Ramos, otorrinolaringologista pediatra e foniatra.
Conforme a médica, há mais de 200 vírus que causam infecção respiratória, mas a grande maioria não gera problema pulmonar. Para ela, a maior preocupação deve ser com o Influenza e com o coronavírus. No caso do vírus da gripe, se a criança fizer a vacina já a partir dos seis meses e repetir anualmente, como é recomendado, o risco de pneumonia diminui.
A vacinação contra a gripe é um ponto que merece atenção dos pais, já que a adesão ficou abaixo do esperado em 2021, atingindo apenas 72,1% do público-alvo. Neste ano, a campanha no Rio Grande do Sul abre para crianças menores de cinco anos a partir do dia 3 de maio.
— Com o fim da pandemia, muitos pais não vacinados contra a gripe começaram a retomar os seus contatos e, com a mudança de temperatura, se resfriaram e passaram para as crianças — observa o pediatra José Roberto Saraiva, do Hospital Conceição.
Outro fator que envolve as transmissões é o contato nos primeiros anos de escola, que faz com que os pequenos desenvolvam várias infecções ao longo do ano, segundo a doutora Berenice. Isso não é motivo para assustar os pais.
— Esses 200 vírus provocam um quadro que é sempre igual, mas que tem várias denominações que significam a mesma coisa: resfriado comum, virose, infecção respiratória viral. Esse quadro dura cerca de duas semanas, independentemente do tratamento.
Confira as recomendações para os pais e responsáveis por crianças
- Só leve seu filho para a emergência se ele apresentar febre alta persistente por várias horas (acima de 39ºC), se estiver sem apetite ou com recusa alimentar e sem disposição.
- Falta de ar e respiração ofegante também são sintomas importantes de alerta.
- A primeira conduta antes de procurar um serviço de urgência é consultar o pediatra que acompanha a criança.
- Uma alimentação saudável ajuda a passar pelas viroses com menos complicações.
- Pé descalço no piso gelado ou pegar chuva não causam síndromes respiratórias. Elas são transmitidas de pessoa para pessoa e precisam do vírus para contaminação.
- Evite levar crianças menores de seis meses em shoppings e eventos sociais. Isso previne que elas tenham contato com as viroses.
- Não exponha bebês em ambientes com pessoas fumando e não deixe crianças abaixo de seis meses próximas de pessoas com sintomas gripais.
- Mantenha o calendário vacinal atualizado (principalmente, para gripe e pneumonia). Também é preciso ficar de olho nas vacinas pneumocócica e de prevenção à meningite. Ambas constam no calendário vacinal.
- Para as crianças com mais de cinco anos, também já está disponível a vacina contra a covid-19. Mais de 30 mil crianças de cinco a 11 anos estão com a segunda dose em atraso. A CoronaVac tem intervalo de 28 dias entre as injeções e Pfizer pediátrica, de oito semanas.