A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (30), o registro de um medicamento indicado para a prevenção do vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de bronquiolite em bebês. O Beyfortus (nirsevimabe), da empresa Sanofi Medley Farmacêutica, deve ser aplicado em dose única e visa fornecer proteção durante toda a temporada do VSR, ou seja, principalmente, no outono e inverno.
Atualmente, não há nenhum medicamento disponível no país com indicação preventiva para a bronquiolite — inflamação bastante preocupante da parte final dos brônquios, que atinge crianças pequenas e bebês. A Anvisa analisa o pedido de registro de duas vacinas, da Pfizer e da Arexvy, da empresa GlaxoSmith Kline, para prevenção da doença, mas ainda não há prazo para a conclusão dos pedidos.
Para se ter uma ideia da potência do VSR, o vírus esteve presente em 30% dos casos de doenças respiratórias registradas no Brasil nos primeiros três meses de 2023. Entre janeiro e março, foram mais de 3,3 mil infecções - dessas, 95% atingiram apenas bebês e crianças de zero a quatro anos, conforme dados do Ministério da Saúde, coletados e monitorados pela iniciativa Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Como atua a medicação
O nirsevimabe é um anticorpo monoclonal (proteína circulante no sangue que ajuda a reconhecer e combater organismos invasores como vírus, bactérias e toxinas) com potente atividade neutralizante contra as cepas do subtipo A e B do VSR. Segundo a farmacêutica, o medicamento inibe a etapa essencial de fusão da membrana no processo de invasão viral, neutralizando o vírus e bloqueando a fusão célula a célula.
O produto será disponibilizado como uma solução injetável, para administração intramuscular em recém-nascidos e bebês lactentes. Também é indicado para crianças de até 24 meses de idade que permanecem vulneráveis à doença grave causada pelo vírus. Nesse grupo estão incluídas crianças com:
- doença pulmonar crônica da prematuridade (DPC)
- doença cardíaca congênita hemodinamicamente significativa (DCC)
- fibrose cística, doenças neuromusculares ou anomalias congênitas das vias aéreas
A indicação abrange ainda crianças de até dois anos que sejam imunocomprometidas ou portadoras da síndrome de Down.
Por enquanto, a medicação não tem orientação para ser incluída no Sistema Único de Saúde (SUS).