Anunciada pelo Ministério da Saúde no início desta semana, a restrição de oferta de vacinação contra a covid-19 apenas para grupos prioritários no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2024 representa, para as farmacêuticas, uma oportunidade no cenário de distribuição das doses. Se, atualmente, não há venda do imunizante na rede privada brasileira, fabricantes como Moderna e Pfizer já estudam o ingresso nesse mercado no ano que vem.
Como, hoje, qualquer pessoa tem acesso de forma gratuita às vacinas de prevenção ao coronavírus nos postos de saúde, os laboratórios não ofereceram às clínicas e farmácias a venda de suas unidades. Em reportagem desta quarta-feira (1º), porém, estabelecimentos já demonstravam interesse em contratar fornecedores no setor, diante do anúncio na terça-feira (31). Com a mudança, a aplicação se tornará anual, e apenas para públicos-alvo específicos.
Em nota, a Pfizer informou que está preparada para atender à demanda do governo federal para fornecimento da sua vacina mais atualizada contra a covid-19 a partir do ano que vem. A empresa também diz que "trabalha no planejamento em relação ao fornecimento desta vacina na rede privada em 2024, com o objetivo de seguir apoiando o Brasil na luta contra a covid-19".
Já a Moderna, por enquanto, ainda não é oferecida nas unidades de saúde brasileiras, o que deve acontecer em breve. A intenção da Adium – empresa que comercializa o produto da Moderna no Brasil – é fazer a distribuição do imunizante na rede privada, “ampliando o acesso da vacina atualizada para a população brasileira”.
A farmacêutica obteve a aprovação, em junho, do registro da sua vacina bivalente na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em nota, relatou que as doses estarão disponíveis no mercado local no primeiro semestre do ano que vem. Há três meses, a Adium também entrou com pedido de liberação da versão monovalente do imunizante, que faz a cobertura da sublinhagem XBB.1.5, uma subvariante da ômicron altamente transmissível.
Procurada, a AstraZeneca se limitou a dizer que não há venda de suas doses na rede privada. Não respondeu, contudo, se essa posição será mantida para 2024.
A CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan – um órgão público administrado pelo governo estadual de São Paulo –, foi desenvolvida para ser oferecida exclusivamente na rede pública. Em solo nacional, a perspectiva é de que a prioridade siga sendo atender à demanda do Ministério da Saúde.
A Janssen, em nota, destacou que "o fornecimento da vacina da Johnson & Johnson contra a COVID-19 ao Brasil foi realizado exclusivamente ao Ministério da Saúde por meio do Programa Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19. A Janssen não possui negociação vigente com o mercado privado".