A maioria das emergências adulto de Porto Alegre e da Região Metropolitana está superlotada e com restrições nesta terça-feira (10). O atendimento é limitado apenas a casos graves em alguns locais, como o Hospital Dom João Becker, em Gravataí, e o Hospital de Alvorada.
Das onze instituições consultadas pela reportagem de GZH, seis delas estão operando acima da capacidade e com limitações. São elas: o Hospital de Clínicas (Porto Alegre), a emergência SUS da Santa Casa de Misericórdia (Porto Alegre), o São Lucas da PUCRS (Porto Alegre), o Hospital Conceição (Porto Alegre), o Hospital Dom João Becker (Gravataí) e o Hospital de Alvorada.
Em Porto Alegre, o Hospital de Clínicas está priorizando o atendimento apenas para casos de risco de vida, com 132 pacientes para 56 leitos na emergência adulto, o que representa uma superlotação de 235,71%. Já o Conceição tem 51 leitos e está com 99 pacientes em atendimento, o equivalente a 194% de ocupação. São atendidas a demanda regulada, via SAMU, e casos de risco de vida.
O São Lucas da PUCRS está operando com 160% da capacidade. São dez leitos e 16 pacientes em atendimento. A restrição é total. A Emergência SUS da Santa Casa apresenta superlotação, com 65 pacientes em atendimento para 24 leitos habilitados, o que representa 270% de lotação do espaço. Em virtude do cenário, a direção optou pela restrição de atendimentos, recebendo pacientes apenas com risco de vida.
Na Grande Porto Alegre, o cenário é parecido. Em Gravataí, a emergência SUS do Hospital Dom João Becker (HDJB) está operando com 200% de sua capacidade. A prioridade é para os atendimentos de maior gravidade (classificações amarela, laranja e vermelha). O hospital reforça que os casos de menor gravidade (azul e verde) procurem uma das UPAs do município de Gravataí (Cohab e Morada do Vale).
A dona de casa Rosa Pereira da Silva, 58 anos, procurou a emergência do Dom João Becker com muita dor no corpo e na cabeça.
— Não sei se é covid ou o que. Sei que falaram que tá sendo atendido apenas casos muito graves, mas não sei mais o que fazer — alega.
Em Alvorada segue a restrição para os casos clínicos na emergência. São 32 pacientes internados para 20 vagas. Nas demais especialidades, não existe restrição. No Hospital São Camilo, em Esteio, a superlotação chega a 269%: 13 leitos para 35 pessoas. A instituição pede que a população dê preferência para as unidades básicas de saúde. Mas se o caso for hospitalar, há atendimento sem limitação.
Qualquer instabilidade ou qualquer inconstância no atendimento nesses hospitais gera toda uma reação na região e de fluxo descontinuado dos usuários.
ANA BOLL
Coordenadora do Fórum de Saúde da Granpal
Em São Leopoldo, o Hospital Centenário atende normalmente mesmo estando com a emergência cheia. São 54 pacientes para a capacidade de 29 espaços de internação. O HPS de Canoas está atendendo normalmente, apesar da taxa de ocupação chegar a 102%. O Hospital Padre Jeremias, em Cachoeirinha, está com restrição clínica e pediátrica, atendendo urgências e emergências encaminhadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e também pacientes referenciados pela UPA. Entretanto, o local não está superlotado, já que são 45 pessoas para 104 leitos disponíveis.
Também não há restrição no Hospital Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul – são 19 pacientes na emergência para 13 leitos. Outras unidades de saúde estão superlotadas, porém ainda não há restrição do atendimento. Entre elas estão o Hospital de Pronto Socorro de Canoas, o São Camilo (Esteio), o Getúlio Vargas (Sapucaia do Sul) e o Hospital Centenário (São Leopoldo).
A Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) alega acompanhar a situação. Conforme a coordenadora do Fórum de Saúde da Granpal, Ana Boll, a preocupação maior é nos hospitais que estão sob administração da Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC).
— São hospitais de Alvorada, Cachoeirinha e Viamão, sem falar do (Instituto de) Cardiologia de Porto Alegre. Porque qualquer instabilidade ou qualquer inconstância no atendimento nesses hospitais gera toda uma reação na região e de fluxo descontinuado dos usuários. Isso tem nos preocupado bastante, a gente tem discutido — explica.