Quatro dias após decretar emergência em saúde pública em razão do aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças, o Rio Grande do Sul segue aguardando recursos da União. O governo estadual espera cerca de R$ 26 milhões de repasses por estar enfrentando o aumento nas internações de crianças. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou, nesta segunda-feira (10), que os recursos dependem de análise dos cadastros dos hospitais com disponibilidade, que estão sendo enviados ao Ministério da Saúde.
Conforme a pasta, até o último sábado (8), 3.469 internações pela síndrome em crianças de zero a 11 anos foram registradas neste ano, sendo 788 em unidades de terapia intensiva (UTI). Somente até o dia 10 de junho – recorte utilizado como embasamento para o decreto –, o Estado apresentava 2.806 casos dessa síndrome em pacientes dessa faixa etária, sendo 642 internações em UTI. A SES ressalta, no entanto, que a notificação dos casos pode ser retroativa, referente a meses anteriores.
A Capital, por sua vez, registra 250 crianças de zero a 12 anos internadas por causas respiratórias nesta segunda-feira, conforme dados da Central de Regulação de Leitos da Secretaria Municipal de Saúde. Em relação ao tipo de leito, 243 estão em enfermarias pediátricas, e sete em UTI. Desse total, 64% são de Porto Alegre, e 36% do Interior.
Conforme a pasta, o mês de maio apresentou o maior pico de internações até o momento em Porto Alegre, com um total de 1.033 crianças de zero a 12 anos. Em junho, o número ficou em 1.002, e nos primeiros 10 dias de julho, em 289. A média de tempo para acesso ao leito, em maio, foi de 27 horas, caindo para 22 horas em junho, com a abertura de leitos na Operação Inverno. Nos últimos 30 dias, a média ficou em 19 horas.
O secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, reforça que estão sendo adotadas medidas para minimizar o cenário desde maio, como a ampliação de 57 leitos clínicos e de UTI pediátricos na Operação Inverno; e o reforço na vacinação, com campanhas e "rolês da vacina" nas escolas, que já totalizaram mais de 15 mil doses aplicadas, atingindo 32% de crianças e adolescentes com cobertura vacinal.
— Em maio, por exemplo, de todos os casos de internações por SRAG, metade eram crianças menores de cinco anos, e todas elas não tinham tomado vacina. Ainda está longe do que gostaríamos, mas mais do que dobrou em pouco mais de 30 dias. Eu gostaria de fazer um apelo para as pessoas sobre a vacinação contra a gripe, não adianta ampliar leitos se não trabalharmos preventivamente — ressalta.
Outras medidas adotadas pela prefeitura para não sobrecarregar as emergências incluem a abertura de unidades de saúde aos finais de semana, totalizando mais de 6 mil consultas até o momento, entre adultos e crianças, além do turno estendido em 17 unidades.
— Isso facilita que, ao invés de esperar para ir à unidade de saúde quando houver uma forma grave, nos primeiros sintomas, a pessoa já procure a unidade para já fazer o diagnóstico e propor um tratamento precocemente. Os casos estão chegando menos graves, o que possibilita um giro do leito maior — acrescenta.
As principais emergências pediátricas seguem operando acima da capacidade em Porto Alegre, de acordo com dados dos hospitais. O pior cenário é registrado no Hospital de Clínicas, que opera com 277% da capacidade. Dos 25 pacientes, 20 têm SRAG. Além disso, 10 aguardam atendimento.