Com dois prédios interditados para reforma, ainda sem data prevista para início e conclusão, o Hospital Psiquiátrico São Pedro, uma das grandes instituições representativas da saúde pública no Rio Grande do Sul, completa 139 anos nesta quinta-feira (29). Convidados farão uma visita ao Memorial da Loucura, pela manhã, e haverá ainda bolo e apresentação do Coral da Secretaria Estadual da Fazenda.
Localizada no bairro Partenon, em Porto Alegre, a entidade que já abrigou milhares de residentes hoje tem apenas um. Não há mais moradores na ala residencial do hospital além desse último paciente, para quem equipes procuram um residencial adequado, que atenda a suas especificidades. O mais recente grande quantitativo de institucionalizados foi contabilizado em 2019, quando eram 107. Todos foram encaminhados para outras moradias, em decorrência da lei antimanicomial.
Toda a área mais antiga da grande estrutura histórica está desativada. De acordo com Letícia Ikeda, médica sanitarista e chefe da Divisão de Unidades Próprias da Secretaria Estadual da Saúde (SES), cerca de 80% têm a estrutura condenada. Um dos andares está preservado, com o memorial.
Os dois prédios interditados para obras voltarão a funcionar depois que os reparos forem concluídos. No local, deverá ser instalada a unidade específica para atendimento de dependência química.
Em anexos construídos depois, mais recentes, o hospital ainda opera com diversos setores: área de internação, ambulatórios, administrativo e residenciais terapêuticos. Há ainda oficina de arte e serviço de residência médica.
— O hospital faz parte da rede de atenção psicossocial. Temos alas de internação voltadas para pacientes agudos, que vêm encaminhados pela rede, quando há necessidade em momentos de crise, para reavaliação e readequação de medicamentos. Não são internações de longa permanência. A perspectiva asilar inexiste. Ninguém mais vai morar aqui — explica Letícia, referência no atendimento a pessoas com HIV/Aids e tuberculose no Estado.