Mais de 40 pacientes estão aguardando para realizar cirurgias de ajuste no marca-passo e no Cardioversor-Desfibrilador Implantável (CDI) no Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre. De acordo com a instituição, atualmente há 42 pessoas internadas esperando os procedimentos, menos do que os 99 registrados em março. Nenhum dos casos é considerado ambulatorial, que ocorre quando pacientes aguardam em casa, mas continuam sendo acompanhados pelos médicos.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, não há como prever quando os procedimentos serão realizados, já que faltam recursos para comprar os equipamentos necessários.
O Instituto de Cardiologia desempenha um papel fundamental no atendimento cardiológico na Capital, sendo responsável por aproximadamente 60% dos casos, e recebe pacientes de todo o Rio Grande do Sul. Desde março, a reportagem de GZH vem relatando as dificuldades enfrentadas pela instituição na realização de procedimentos que envolvem o Sistema Único de Saúde (SUS).
Os problemas financeiros aumentaram depois que o Ministério da Saúde atualizou em 2021 a tabela de repasse para compra de equipamentos cardiológicos com uma redução dos valores. Por exemplo, na tabela para aquisições, um desfibrilador é cotado a R$ 18 mil. No entanto, os fornecedores cobram cerca de R$ 50 mil dos hospitais. Isso ocorreu a partir de uma portaria de 2021, assinada pelo então ministro Marcelo Queiroga, que mudou os valores para procedimentos e compras de remédios, com queda de até 83% no valor de produtos como marcapassos e desfibriladores.
Nesta sexta-feira (2), a secretária de saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergmann visitou a direção do Instituto Cardiologia com o objetivo de alinhar as ações em relação aos atendimentos cardíacos. A secretária propôs melhorar o fluxo de pacientes regulados, com foco na redução do tempo de espera para Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPMEs) cardíacas.
— Alinhamos os atendimentos em cardiologia, em especial aqueles procedimentos afetados pela portaria Ministério da Saúde, que reduziu os valores da tabela — afirmou Arita.
O Governo do Estado lembrou que está investindo R$ 25 milhões, por meio do Programa Avançar, nas obras de ampliação do Instituto de Cardiologia. O novo prédio contará com uma nova sala de procedimentos de hemodinâmica com 24 leitos de recuperação, que poderá atender 3.170 pacientes por ano. Além disso, uma nova sala de recuperação pós-cirúrgica com 23 leitos de recuperação permitirá o atendimento de mais 1.413 pacientes por ano. A reportagem de GZH consultou o Instituto de Cardiologia sobre a previsão para as obras, mas não recebeu retorno até o momento.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) afirmou que envia incentivos às instituições filantrópicas para o atendimento de entrada na urgência, UTIs e transplantes. Ainda, a pasta ressaltou que o Instituto de Cardiologia teve um aumento de 14% no novo programa de incentivos, em um valor de cerca de R$ 6,8 milhões.
A SES ainda ressaltou que aguarda pelo repasse do Ministério da Saúde que foi anunciado em uma portaria ainda no início do mês de fevereiro, no valor de cerca de R$ 7,2 milhões. A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e Ministério da Saúde (MS) e aguarda retorno.
O Instituto de Cardiologia segue realizando uma vaquinha com o nome "Seja um amigo do Instituto de Cardiologia" para tentar arrecadar recursos. O valor arrecadado desde março não foi divulgado, assim como o prejuízo já contabilizado desde a correção na tabela do MS.
Como doar para a Vaquinha "Seja um amigo do Instituto de Cardiologia"
Dados bancários:
Fundação Universitária de Cardiologia
Pix: 92.898550/0001-98
Caixa Econômica Federal
Ag. 2515
C/C 1813-9