O tabagismo é uma doença e parar de fumar é fundamental para que a pessoa tenha uma vida saudável. Nesta quinta-feira (29) é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data que marca ações para conscientizar sobre os riscos à saúde provocados pelo cigarro.
De acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem quer largar o cigarro. No entanto, há quem prefira parar de fumar sozinho. Neste caso, orientações podem ajudar a pessoa a escolher o melhor caminho.
— Comece escolhendo uma data para ser o seu primeiro dia sem cigarro. Esse dia não precisa ser um dia de sofrimento. Faça dele uma ocasião especial. Para aumentar suas chances de sucesso, não tenha cigarros por perto. Programe algo que goste de fazer para se distrair e relaxar — orienta o Inca.
Causado pela dependência à nicotina, o tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão, responsável por mais de dois terços das mortes por essa doença no mundo. A exposição ao fumo passivo em casa ou no local de trabalho também aumenta o risco de sua incidência, segundo o Inca.
Você pode escolher duas formas para deixar de fumar:
- Parada imediata: esta deve ser sempre a primeira opção. Você escolhe a data e, neste dia, deixa de fumar
- Parada gradual: você pode utilizar este método de duas formas.
- Reduzindo o número de cigarros. Para isso, é só contar o número de cigarros fumados por dia e passar a fumar um número menor a cada dia.
- Adiando a hora em que começa a fumar o primeiro cigarro do dia. Você vai adiando o primeiro cigarro por um número de horas predeterminado a cada dia até chegar o dia em que você não fumará nenhum cigarro.
Caso a pessoa escolhe a parada gradual, é importante que não gaste mais de duas semanas neste processo.
— Se, depois de ter seguido essas orientações, não tiver conseguido parar de fumar sozinho, não desanime. Você também pode buscar locais que oferecem tratamento — acrescenta o Inca.
Uso de medicações para parar de fumar
O uso de medicamentos tem um papel bem definido no processo de cessação do tabagismo, que é o de minimizar os sintomas da síndrome de abstinência à nicotina, facilitando a abordagem intensiva do tabagista.
— Medicamentos não devem ser utilizados isoladamente, e sim em associação com uma abordagem correta. É fundamental que o tabagista se sinta mais confiante para exercitar e por em prática as orientações recebidas durante as sessões da abordagem intensiva.
Medicamentos oferecidos no SUS
- Terapia de reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar)
- Cloridrato de bupropiona
Todo medicamento deve ser usado a partir da supervisão médica.
José Elabras Filho, membro do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), lembra que é importante evitar fatores que precipitam a vontade de fumar.
— Muitas pessoas associam o hábito de tomar um cafezinho com a necessidade de fumar depois. Então, reduza o cafezinho. Se o paciente sofre de ansiedade ou de depressão, as doenças devem ser tratadas para que a pessoa não tenha recidivas após parar de fumar — afirma ele.
Efeitos do cigarro
A nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco é considerada droga por possuir propriedades psicoativas, ou seja, ao ser inalada produz alteração no sistema nervoso central, trazendo modificação no estado emocional e comportamental do usuário que pode induzir ao abuso e dependência, conforme informações do Inca.
Considerada uma doença crônica, a dependência aumenta as chances de doenças, principalmente de câncer pulmonar.
— O quadro de dependência resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga, estabelecendo-se assim um padrão de auto-administração caracterizado pela necessidade tanto física quanto psicológica da substância, apesar do conhecimento de seus efeitos prejudiciais à saúde.
Abstinência
Considerada uma droga bastante danosa, a nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína, heroína e álcool, sendo portanto normal que, ao parar de fumar, os primeiros dias sem cigarros sejam os mais difíceis.
Quando o fumante para de fumar, pode apresentar alguns sintomas desagradáveis:
- Dor de cabeça
- Tontura
- Irritabilidade
- Agressividade
- Alteração do sono
- Dificuldade de concentração
- Tosse
- Indisposição gástrica
Quando acontecem, os sintomas acima tendem a desaparecer em uma a duas semanas, podendo em alguns casos chegar a quatro semanas.
Chamado de "fissura", a grande vontade de fumar é o sintoma mais intenso e difícil de lidar.
— É importante saber que a fissura geralmente não dura mais que 5 minutos, e tende a ficar mais tempo que os outros sintomas. Porém, ela vai reduzindo gradativamente a sua intensidade e aumentando o intervalo entre um episódio e outro — aconselha o Inca.
Medo de engordar
A preocupação com o aumento de peso é uma das maiores barreiras para que alguns fumantes tomem a decisão de parar de fumar ou tenham recaídas após terem parado de fumar.
— É importante entender que geralmente o ganho de peso após a cessação do tabagismo é temporário, sendo que na maioria dos casos, ocorre nos primeiros meses pós-cessação — afirma o órgão.
Veja quais são os benefícios caso a pessoa pare de fumar agora
- Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal
- Após duas horas, não há mais nicotina circulando no sangue
- Após oiti horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza
- Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor
- Após dois dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida
- Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora
- Após um ano, o risco de morte por enfarte do miocárdio é reduzido à metade
- Após 10 anos, o risco de sofrer enfarte será igual ao das pessoas que nunca fumaram
Segundo o Inca, parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo cigarro, tais como câncer, enfisema ou derrame.