A asma é um problema de saúde global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo existem cerca de 300 milhões de asmáticos, sendo 20 milhões deles brasileiros. O período que compreende o início do outono e vai até o fim do inverno, marca o aumento do número de casos da doença na população mundial.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, nos meses de abril a julho ocorre um aumento do número de casos de internação, no Brasil, por causa dessa doença. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Sistema Único de Saúde (SUS), a asma oscila entre a terceira e a quarta posição no ranking de doenças responsáveis por internações.
Afinal, a asma tem cura?
Por se tratar de uma doença que afeta um grande número de pessoas, cada vez mais tem se investido em estudos na área e em campanhas para informar a população sobre os cuidados que os asmáticos devem ter, indicações de tratamentos e alertas de como prevenir quadros graves. É uma doença crônica — não há, neste momento, um tratamento que possa curá-la.
Mesmo com o avanço da ciência, dos tratamentos médicos e da divulgação científica, algumas pessoas ainda têm dúvidas com relação a questões envolvendo a asma. Pensando nisso, a reportagem de GZH entrevistou Adalberto Rubin, médico pneumologista e chefe do Serviço de Pneumologia do Complexo Hospitalar da Santa Casa, de Porto Alegre.
O que é a asma?
A asma, também conhecida como bronquite asmática ou bronquite alérgica, é uma doença crônica que acomete o pulmão, acompanhada de uma inflamação crônica dos brônquios (estruturas em formato de tubos que levam o ar para dentro dos pulmões).
Segundo o pneumologista Adalberto Rubin, quando a asma se manifesta, é comum que o paciente sinta como se houvesse um "fechamento" de suas vias aéreas, o que provoca a dificuldade respiratória.
— Esse estreitamento das vias aéreas leva ao que a gente chama de broncoespasmos, que vão gerar a tosse, o chiado e a falta de ar — explicou o médico.
Qual a diferença entre asma, bronquite e bronquiolite?
Tanto a asma quanto a bronquite e a bronquiolite se manifestam pela obstrução das vias respitatórias. O que diferencia essas três doenças são as causas e os mecanismos de obstrução.
Veja as diferenças entre as doenças:
- Asma: doença crônica e inflamatória das vias aéreas que se caracteriza por um espasmo na musculatura dos brônquios — broncoespasmo. Ela pode ser desencadeada por fatores como: alergia a poeira e mofo, mudanças no tempo, infecções (gripes, resfriados, viroses), aspectos emocionais, esforço físico, entre outros. Chiado no peito, tosse e falta de ar são os sintomas mais comuns.
- Bronquiolite: doença infecciosa de causa viral. Na maioria dos casos, é ocasionada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VRS). O vírus age principalmente na região do bronquíolo — têm como função transportar o ar até os alvéolos pulmonares, onde ocorre a hematose (troca gasosa). A doença acomete principalmente bebês e crianças pequenas, geralmente com idade inferior a dois anos.
- Bronquite: doença que causa a inflamação dos brônquios. Essa inflamação pode ser aguda — causada por agentes infecciosas como bactérias e vírus — ou crônica — gerada por agentes irritantes como tabaco. O sintoma mais evidente nos dois casos é a tosse intensa com catarro.
Rubin reitera que saber as diferenças entre as doenças é fundamental para recomendar os tratamentos.
O que pode desencadear a doença?
Apesar de ser uma doença crônica, existem determinados períodos em que a asma fica em estado de remissão — sem a manifestação dos sintomas — e outros em que o indivíduo é acometido pelo quadro inflamatório da doença.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, os principais fatores que podem desencadear a asma são os seguintes:
- Aspectos emocionais
- Alergias: ácaro, mofo, pelos de animais, como gatos, fezes de insetos, como baratas, pólen e poeira podem contribuir para a manifestação dos sintomas da asma
- Cheiros fortes
- Determinados tipos de alimentos e medicamentos
- Esforço físico
- Exposição ao ar frio
- Fumaça e poluição
- Mudanças de temperatura
- Problemas hormonais
- Viroses e outras doenças do sistema respiratório
Principais sintomas da asma
A asma desencadeia uma série de indisposições no organismo do paciente. Confira quais são os principais sintomas da asma:
- Cansaço
- Chiado no peito
- Dificuldade respiratória (sensação de "falta de ar")
- Tosse frequente e prolongada
De acordo com o pneumologista do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, a maioria dos sintomas tem relação com fatores irritantes respiratórios, como frio, umidade, infecções virais, atividade física e alguns medicamentos.
Com qual idade a doença se manifesta com mais frequência?
A asma pode se manifestar em qualquer idade. Apesar disso, a doença acomete principalmente as crianças. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, cerca de 20% das crianças são asmáticas.
A OMS também estima que, em casos mais graves, e, sobretudo, pela falta de informações, cerca de 2 mil adultos e crianças morrem no mundo em decorrência da asma.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico precoce é o principal caminho para evitar quadros graves. Um dos modos é por meio da realização de um exame chamado espirometria, que mede a capacidade respiratória. Segundo Rubin, profissionais de diversas áreas da saúde podem fazer o diagnóstico da doença.
— Tanto clínico, pediatra têm condições de fazer o diagnóstico, porém o pneumologista é o profissional especializado em tratar a asma — ressaltou.
A asma pode levar à morte?
Crises severas de asma podem levar à hospitalização e até à internação em unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Em casos mais graves, o paciente pode ir a óbito.
Somente em 2021, o SUS realizou 1,3 milhão de atendimentos de asmáticos na Atenção Primária à Saúde — 231 mil consultas a mais em relação ao ano anterior, em que começou a emergência de saúde global da Covid-19.
— No Brasil, temos seis óbitos por dia de asma em todo país. Ela é ainda é uma doença que mata bastante e debilita muito — acrescentou Rubin.
Existe cura?
Pelo fato de a asma ser uma doença crônica — grupo de doenças que não colocam em risco a vida da pessoa em um curto prazo e são causadas por vários motivos — não existe cura.
— Cura a gente não consegue alcançar, assim como ocorrem nos casos de doenças como pressão alta e diabetes. Mas a asma pode tranquilamente entrar em remissão e você ter uma vida normal — pontuou o especialista.
Quais são os tratamentos?
Existem dois tipos de tratamento para a asma:
- Inalatório: realizado mediante o uso de sprays. Há os broncodilatadores e os anti-inflamatórios.
- Imunobiológico: tratamento altamente específico em que se utiliza medicamentos para fazer com que a asma entre em remissão, fazendo com que o paciente viva um vida normal, sem os sintomas ou com a atenuação significativa deles.
— Se você não tratar a asma de maneira adequada, vai ter uma qualidade de vida muito ruim, com muitos sintomas e não vai conseguir fazer atividades físicas porque vai cansar facilmente. Além disso, vão aumentar os riscos de crises que podem ser bastante severas — afirmou o pneumologista.
Como diminuir os sintomas da doença?
Mesmo não havendo cura para a asma, além dos tratamentos, existem uma série de ações que podem ser realizadas pelos pacientes para que seus sintomas sejam atenuados. O médico Adalberto Rubin dá as dicas a seguir:
- Evite carpetes, tapetes e forrações que podem acumular poeira e ácaro
- Faça exercícios físicos com frequência
- Lave bem as roupas, lençóis e edredons
- Mantenha a residência bem limpa
- Tenha uma alimentação saudável e regrada
— Com as atividades físicas, o asmático pode aumentar sua capacidade respiratória — pontuou o médico.
Qual o número de asmáticos no Brasil?
Conforme dados da OMS, a asma acomete 20 milhões de brasileiros e, desse total, 5% são os que têm a forma mais grave da doença. Dados do Ministério da Saúde indicam que 23,2% da população brasileira vive com a doença: a incidência varia de 19,8% a 24,9% entre as regiões.
Produção: Filipe Pimentel