Utilizada em receitas e até mesmo em cosméticos, a banha de porco é um produto natural, de origem animal, que está constantemente dividindo opiniões. O alimento não faz mal para a saúde, mas, ainda assim, não há motivos para incentivar a inclusão da banha de porco em dietas saudáveis. O consumo excessivo desse tipo de gordura pode aumentar as chances de desenvolver doenças cardiovasculares e outras complicações de saúde.
As gorduras são divididas, majoritariamente, em dois grupos: saturadas e insaturadas. A banha de porco faz parte do primeiro grupo, junto de outras gorduras de origem animal, como a manteiga. Já no segundo, estão as gorduras de origem vegetal, como o azeite de oliva.
— A banha de porco é a gordura de origem animal com perfil de ácidos graxos menos nocivo, porque tem proporção de gordura saturada menor que a da manteiga e da carne de gado, por exemplo. Mas não tem nenhum motivo para preferir usar a banha de porco ao invés de um óleo vegetal — ressalta o endocrinologista do Serviço de Endocrinologia do Hospital Moinhos de Vento Tiago Shuch.
Na culinária, a banha de porco é uma fonte de gordura utilizada para fritar, refogar e assar alimentos. A coordenadora do curso de gastronomia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Rochele de Quadros Rodrigues, explica que o produto costuma ser valorizado porque pode adicionar textura e sabor diferenciados para algumas receitas.
Alguns pratos tradicionais que utilizam a banha de porco incluem torresmo, feijão tropeiro, e, até mesmo, o querido pastel de feira. Além disso, essa gordura também é um ingrediente essencial para produzir alimentos como a linguiça e outros embutidos. Rochele garante, porém, que não é impossível substituir.
— A manteiga é uma alternativa popular em receitas doces e salgadas, como tortas, bolos e biscoitos. O óleo de canola é uma opção mais saudável do que a banha e pode ser usado em frituras. Já o azeite de oliva pode ser usado como substituto em refogados e outros pratos salgados. É importante lembrar que a substituição da gordura do porco pode afetar o sabor e a textura do prato final, então a alternativa escolhida deve ser apropriada para a receita em questão — explicou a especialista.
Mas afinal, banha de porco é saudável?
As gorduras, assim como qualquer outro alimento, podem trazer benefícios e malefícios para a saúde, dependendo da quantidade. O excesso de gordura saturada, garante Shuch, está conectado com o aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares como infarto, cerebrovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, e de outras condições, como demência e diabetes.
— Isso não quer dizer que as pessoas devam excluir completamente as gorduras saturadas das suas dietas. Consumir alguma faz parte. A banha de porco pode ser usada com muita moderação dentro de uma alimentação variada, mas ela não traz nenhum benefício à saúde — pontua o endocrinologista.
O especialista enfatiza que uma boa saúde não é composta de hábitos isolados, mas sim de um conjunto de fatores. Para uma pessoa com rotina regular de exercícios físicos e dieta balanceada, comer um feijão tropeiro feito com banha de porco pode não trazer muitos malefícios à saúde. Agora para um paciente com histórico de doença cardiovascular na família, sedentário e que consome banha de porco diariamente, o efeito é outro.
— Quanto maior o risco de uma pessoa desenvolver uma doença cardiovascular, com base no histórico familiar, níveis de colesterol e hábitos de vida, mais ela deve restringir o consumo de gordura saturada — afirma.
Por outro lado, as fontes de gordura insaturadas, como os óleos vegetais, trazem benefícios para a saúde. Segundo Shuch, consumir azeite de oliva diariamente, por exemplo, pode ajudar a reduzir o nível de colesterol LDL, considerado o colesterol ruim, e aumentar os níveis do HDL, conhecido como colesterol bom.