CORREÇÃO: é Marcelo Carvalho Soares o nome do comandante do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, não Santos, como estava nesta reportagem entre 14h21min e 19h04min. O texto já foi corrigido.
Um incêndio em uma ala hospitalar do Hospital Moinhos de Vento deixa 41 vítimas e exige que os bombeiros cheguem rápido, que ambulâncias surjam às pressas, que o trânsito seja remanejado, que o fogo apague e que as vítimas sejam resgatadas em segurança. O cenário catastrófico não aconteceu de verdade, mas fez parte de uma simulação realizada entre a manhã e o início da tarde deste domingo (19) em Porto Alegre, promovida pelo Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindhospa).
Com isso, os pacientes fictícios, representados por estudantes universitários maquiados com queimaduras e marcas de fumaça, precisaram ser levadas a outros oito hospitais da Capital, que também participaram da encenação. Alunos do curso de Enfermagem da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e da Liga Acadêmica de Urgência e Emergência da Faculdade FACTUM representaram as dezenas de vítimas, enquanto estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram as "sombras", acompanhando o processo e verificando a agilidade de cada etapa.
Entre viaturas e socorristas, houve até helicóptero do Batalhão de Aviação da Brigada Militar usado para transportar uma das vítimas simuladas.
O objetivo do treinamento foi avaliar a capacidade de resposta da Capital a uma catástrofe e houve a participação de mais de 100 profissionais do hospital Moinhos de Vento (HMV), além de agentes de órgãos de segurança militares e civis do Estado e do município.
— Temos que estar sempre preparados para as emergências. Só neste ano já tivemos dois eventos em hospitais, no Conceição e na Santa Casa, e felizmente não houve vítimas. Mas lembro que, no caso do Conceição, teve um incêndio e fizemos 20 transferências de pacientes. Aconteceu de forma harmônica porque já tínhamos feito esse tipo de simulação antes — diz Mauro Sparta, secretário municipal de saúde de Porto Alegre, que acompanhou o evento presencialmente.
A realização da simulação levou ao bloqueio parcial do trânsito na rua Dr. Vale, além de trechos das ruas Ramiro Barcellos, Tiradentes e Hilário Ribeiro, no Bairro Moinhos de Vento. As vias permaneceram com restrições das 10h às 14h, durante a encenação da catástrofe. Como o evento foi feito a partir de um pavilhão sem pacientes, a simulação não afetou os atendimentos da unidade hospitalar, que seguiram normalmente. Os vizinhos da região foram previamente alertados para evitar surpresas.
— Estamos nos antecipando e testando a nossa organização. Após isso faremos nossa avaliação sobre oportunidades de melhoria que temos, para ter tudo mapeado e articulado em caso de uma situação real — explica a enfermeira Vania Rösig, superintendente assistencial e de educação do HMV.
Ela afirma que, só em 2021, mais de 100 hospitais brasileiros enfrentaram incêndios em suas estruturas.
Resposta mais eficaz
O evento é o terceiro do gênero realizado pelo Sindhospa. A primeira edição foi em 2016 e reproduziu uma colisão entre um carro e um ônibus na avenida Ipiranga, em ação que teve 34 "vítimas". Já a segunda edição foi em 2018, com um desabamento do teto de um auditório lotado no Senac Saúde, no Bairro Passo D'Areia. Na ocasião, o evento teve 65 "feriados" e um "óbito". No incêndio simulado deste domingo, a previsão era simular dois óbitos.
— É algo que fortalece a rede de saúde porque treina os diferentes atores. Nos eventos com múltiplas vítimas, precisa acionar bombeiros, ambulâncias, instituto de perícias se houver óbito, transporte e regulações estaduais e municipais (do Sistema Único de Saúde), que organizam para onde vai cada paciente. A única maneira de se treinar todo mundo é jogando — afirma Henri Chazan, presidente do Sindihospa.
A simulação chegou até a encenar o repasse de informações à imprensa, com um cercadinho delimitado para que os repórteres pudessem acompanhar o resgate às vítimas de uma distância segura, já que o trânsito de ambulâncias e equipamentos médicos era intenso.
Ao longo da simulação, enquanto bombeiros e socorristas transitavam às pressas entre a ala que "pegou fogo" e um galpão logo ao lado, para onde eram levados os feridos, os movimentos foram acompanhados pelo olhar atento do tenente-coronel Marcelo Carvalho Soares, comandante do 1º Batalhão de Bombeiros Militar.
— Quando temos um evento com incêndio e vítimas, é o Corpo de Bombeiros que entra na área quente e faz a primeira e principal intervenção, que é a organização junto à equipe local para abandono do prédio, retirada das pessoas, salvamento das vítimas e combate às chamas — explica Soares.
Os resultados da encenação serão compilados em relatórios, a partir dos quais os órgãos e instituições participantes poderão avaliar a performance da resposta e propor melhorias no atendimento a desastres. O governo municipal conta com uma Comissão Permanente de Atuação em Emergência (Copae), que reúne a rede de pronta resposta para esse tipo de evento.
No total, além do próprio HMV, a simulação mobilizou Samu, EPTC, bombeiros militares, IGP, Defesa Civil, Brigada Militar, ambulâncias da rede privada, estudantes universitários e oito hospitais da Capital.