Uma pessoa morreu e outras 63 pessoas ficaram feridas, na manhã deste sábado (1º) após desabamento do teto e de uma viga em um teatro em Porto Alegre. Mas todos passam bem.
O que poderia ser uma gafe jornalística é na verdade uma simulação de um incidente com múltiplas vítimas (IMV), que mobilizou Samu, EPTC, Bombeiros, Defesa Civil, médicos e enfermeiros da PUC, UFRGS, UFCSPA e do Senac Saúde, em Porto Alegre.
Presidente do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa), organizador do simulado, Henri Chazan cita o exemplo dos Estados Unidos, que tem como cultura a prevenção para eventos deste porte e reitera que todos os pontos precisam estar em harmonia em uma emergência.
— A ideia é testar todos os pontos da cadeia que fazem o todo. Não adianta ter um bombeiro que socorre se não tem ambulância, por exemplo.
Cerca de 200 profissionais atuaram nessa espécie de teste da capacidade de Porto Alegre para atender a uma ocorrência dessas, em um cenário de caos. Entre eles, dois cães labradores socorristas, o Bonno e o Thor.
— Não esquece de citar o binômio, que é o homem e o seu cão - alerta o soldado Henrique Machado Souza, dos Bombeiros.
Acompanharam os cães na busca por "sobreviventes" em meio aos escombros o Sargento Meirelles e o soldado Farias.
As "vítimas" foram levadas para hospitais da Zona Norte, para testar o potencial de atendimento das emergências.
Larissa Portugal , estudante do 6º semestre na UFRGS diz que nenhuma experiência na faculdade se compara ao simulado.
— Trabalhar em um ambiente como esse é um aprendizado.
Fraturas expostas, perfurações, paradas cardíacas e reanimação. Alunos de enfermagem da PUC e do Senac saúde foram maquiados e deram vida aos feridos.
— Vemos o outro lado da coisa. Mais para a reta final da faculdade, começamos a pensar muito na parte técnica. E não pensamos no quão desconfortável é estar assim, com muita dor. Além da sensação de ter alguém te ajudando — afirma, imobilizada, a estudante do 6º semestre de enfermagem da PUC Natalia Bueno.
Os bombeiros mobilizaram 11 profissionais, de quatro equipes. O Major Ingo Vieira Lüdke, comandante da companhia especial de busca e salvamento garante que, se fosse necessário atender alguma ocorrência real, deslocaria um terço do efetivo, sem prejudicar a cidade. E reclama da falta de iniciativas semelhantes à de hoje.
— É uma rara oportunidade, que deveria acontecer mais. Testar nossa capacidade de resposta e efetivo. Saber se nossas ferramentas suportam esse tipo de desastre.
Há sete anos no Samu, a enfermeira Marcia Müller "prestou socorro" hoje no prédio, e alerta que a simulação serviu para mostrar que são necessários investimentos.
— Serve pra ver que não estamos tão preparados quanto achamos. E a gente aprende e melhora com casa simulação.
Assustada com a movimentação, a moradora Denise dos Santos, de 43 anos correu pra esquina.
— Ah, é simulação? Tipo Estados Unidos? É uma boa.
Felipe Bitencourt, 35, questionou se os paramédicos do Samu também participavam do treinamento.
— Já chegaram três. As ambulâncias sabiam da simulação? Assustou todo mundo aqui na volta.
Uma faixa da Avenida Assis Brasil ficou bloqueada por uma camionete da EPTC e por dois veículos dos Bombeiros até por volta do meio-dia.