Uma vacina contra o HIV se mostrou ineficaz em testes clínicos de estágio avançado. O anúncio foi feito pela farmacêutica Janssen na última quarta-feira (18). De acordo com o The New York Times, este era o único imunizante que ainda estava sendo testado nesta fase, mas há outras opções passando por testes de estágio inicial que poderiam oferecer uma defesa contra o vírus causador da aids.
No decorrer dos anos, dezenas de possíveis vacinas contra o HIV foram testadas e descartadas. Para especialistas, este fracasso mais recente dificulta a possibilidade de ter um imunizante eficaz no prazo entre três e cinco anos.
Em entrevista ao The New York Times, Anthony Fauci, que liderou o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas até dezembro, afirmou que a notícia é decepcionante, mas ponderou que este “não é o fim do esforço para desenvolver uma vacina” e que “existem outras abordagens estratégicas”.
Na África Oriental e Austral, há um estudo em andamento, que está avaliando uma combinação de imunizantes experimentais e medicamentos preventivos. Os cientistas que atuam na pesquisa avançaram no desenvolvimento de anticorpos que poderia neutralizar o vírus e também estão testando novas tecnologias de vacinas, incluindo mRNA.
A ineficácia da mais recente candidata, contudo, ressalta os desafios para desenvolver o imunizante para o vírus, que infecta mundialmente cerca de 1,5 milhão e mata em torno de 650 mil de pessoas a cada ano. Apesar da falta de vacinas, existem diferentes medicamentos, que podem suprimir a replicação viral, mas devem ser tomados pelo resto da vida do paciente.
Por isso, o imunizante é considerado a maneira ideal de prevenir o vírus.
O estudo da Janssen
Chamado de Mosaico, o estudo da vacina começou em 2019 e foi liderado pela Janssen. A pesquisa contou com a participação de 3,9 mil homens cisgêneros e transgêneros, em mais de 50 locais de nove países da América do Norte, América do Sul e Europa.
Ainda segundo o The New York Times, a vacina possuía um mosaico de componentes, que era destinados a atuar contra diferentes subtipos de HIV presentes em todo o mundo. Entretanto, a resposta imune provocada não teve quantidades significativas dos chamados anticorpos neutralizantes, que agem contra a infecção. Para Fauci, este resultado sinaliza que um imunizante bem-sucedido terá que estimular o corpo a produzir amplamente esses anticorpos.
Os dados iniciais do estudo foram revisados por um conselho independente de monitoramento de dados e segurança, que concluiu que, mesmo que a vacina fosse segura, ela não era mais eficaz contra o HIV do que um placebo. Por isso, foi recomendado que a empresa interrompesse os testes e informasse o resultado aos participantes.