A rede hospitalar pública e privada do Rio Grande do Sul começa a sentir, levemente, o impacto da nova onda de covid-19 que atinge o país. O aumento da ocupação de leitos clínicos e de unidades de terapia intensiva (UTIs) fica visível nesta segunda quinzena de novembro, de acordo com informações do Comitê de Dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Conforme a última atualização, realizada nessa sexta-feira (25), havia 224 pacientes internados em leitos clínicos com diagnóstico confirmado de infecção por coronavírus (com o acréscimo dos casos suspeitos, o total vai a 295). Há uma semana, eram 133 (total de 197 com os suspeitos). Duas semanas atrás, 103 (160 se considerados também os suspeitos).
Nas UTIs, o número de doentes com covid confirmada registrado na sexta foi de 41 (mais 28 aguardando teste confirmatório, totalizando 69), ante 31 sete dias antes (64 no total, com suspeitos) e 21 (total de 54) há 15 dias.
Marcelo Vallandro, epidemiologista e diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), afirma que a SES está atenta ao aumento da procura por testagem e também à elevação da positividade nos resultados.
— Aumentam os casos e, obviamente, a probabilidade de termos casos um pouco mais graves. Importante destacar que estamos vindo de patamares bastante baixos de casos e agora vemos esse aumento de casos e também algum aumento de internações — observa Vallandro, acrescentando que houve pequenos surtos recentes em hospitais, que fizeram com que pacientes internados por outros motivos acabassem se infectando dentro da instituição e aumentando o número de registros de covid-19.
A subvariante da Ômicron BQ.1, identificada pela primeira vez no Estado no início do mês, já corresponde a 70% das amostras que passam por sequenciamento genético.
— Entrou e se dispersou muito rapidamente. É uma variante importante do ponto de vista da transmissão — analisa Vallandro.
O foco da SES está na tentativa de melhorar os índices de vacinação, incentivando todos com alguma dose faltante a procurarem os pontos de imunização em suas cidades. A recomendação da SES é para que grupos sob maior risco para complicações da doença usem máscaras (idosos, imunossuprimidos, gestantes e indivíduos com comorbidades) e completem o esquema vacinal com até quatro doses, de acordo com a faixa etária. Indivíduos com sintomas gripais também devem utilizar a proteção facial.
— A dose de reforço é importantíssima. Passa um período, às vezes, bastante longo, e caem os níveis de proteção (do organismo) — destaca o diretor-adjunto do Cevs.
O epidemiologista avalia que não haverá um cenário similar ao de outros momentos críticos da pandemia:
— Não acredito que teremos um colapso de novo, com uma situação de grande demanda nos hospitais.
A SES distribui testes para detecção do coronavírus para todos os municípios gaúchos. Quem precisar ou desejar se testar na rede pública deve se informar, na prefeitura de sua cidade, a respeito de quais unidades básicas de saúde dispõem do serviço.