Mais de 33 mil crianças no Rio Grande do Sul não receberam a terceira dose da vacina contra a poliomielite na idade adequada, em 2021, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Em 2021, o Estado atingiu 70,59% da cobertura vacinal necessária, com dados ainda abertos, sendo que a meta da campanha era vacinar 95% da população alvo com uma dose da vacina da pólio. Os números do ano passado, divulgados pela SES à reportagem, ainda são parciais porque o banco de dados segue aberto e poderá sofrer modificações devido às migrações de dados do E-sus para o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (Sipni).
Conforme a Secretaria, o esquema vacinal da poliomielite é de três doses com a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) aos dois, quatro e seis meses de idade e dois reforços com a Vacina Oral Poliomielite (VOP) aos 15 meses e aos quatro anos de vida. A cobertura vacinal para poliomielite considera todas as crianças que fizeram a terceira dose da VIP na idade adequada.
Para quem está com o calendário de vacinação atrasado, basta ir até uma unidade de saúde mais próxima com a carteira de vacinação e solicitar a dose. As vacinas utilizadas são seguras, testadas e aprovadas pelos órgãos reguladores da saúde no Brasil.
O esquema vacinal contra a poliomielite é oferecido para crianças menores de cinco anos (até 4 anos, 11 meses e 29 dias). Adultos são vacinados apenas se irão se deslocar a países onde a doença é endêmica (nesse momento, Afeganistão, Paquistão e Nigéria).
No Brasil, pelo menos 500 mil crianças não foram vacinadas contra a poliomielite, segundo o pesquisador Akira Homma, assessor científico sênior de Biomanguinhos, da Fiocruz, em entrevista ao Estadão. Homma foi um dos responsáveis pela erradicação da doença no país na década de 1980.
O país, que já teve uma cobertura de 95% da vacina da pólio, atualmente registra uma das mais baixas de sua história, 67%. O número de pessoas sem proteção contra a doença levou a Organização Panamericana de Saúde (Opas) a incluir o Brasil na lista dos oito países da América Latina com alto risco de volta da infecção. Nos casos mais graves, a enfermidade pode provocar a paralisia. Segundo a Opas, braço da Organização Mundial de Saúde (OMS) na América Latina, a região não registra um único caso da doença desde 1994.