O Ministério da Saúde decidiu que irá incorporar no Sistema Único de Saúde (SUS) o medicamento contra a covid-19 Olumiant (baricitinibe), da farmacêutica Eli Lilly. Na quarta-feira (30), a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) havia aprovado a inclusão no sistema público. Foi o primeiro remédio contra a doença a ter o aval da entidade. Em 2020, o mesmo órgão aprovou a utilização da droga para casos de artrite reumatoide no SUS, onde já está sendo distribuída para esta finalidade. Ela também é indicada para dermatite atópica.
O processo para que uma medicação chegue aos pacientes do sistema público começa quando o laboratório privado submete o pedido à Anvisa para vender o produto no Brasil. Após a aprovação, a Conitec analisa os estudos e avalia se é viável a incorporação ao SUS. A partir disso, o Ministério da Saúde decide se faz o encaminhamento.
Segundo o infectologista do Hospital Conceição André Luiz Machado, uma das ações do baricitinibe para covid-19 é diminuir a inflamação, por isso o medicamento é usado em pacientes em estágio moderado da doença, para evitar que o quadro evolua para insuficiência respiratória.
— Quando se oferece esse remédio para um paciente com covid que vai para o hospital com necessidade de oxigênio, se diminui a inflamação respiratória, principalmente pulmonar, e isso reduz a necessidade de ventilação invasiva, de entubação desse paciente — explica o profissional.
O médico também explica que, por já haver uma aprovação da Anvisa, é possível pleitear a medicação no sistema privado ou até judicialmente, se necessário.
Outros sete remédios já poderiam estar no SUS
Na quarta-feira, a Anvisa aprovou o medicamento Paxlovid, chegando a oito o número de remédios para a covid-19 que tiveram aprovação do órgão no Brasil. Além do baricitinibe, nenhum outro ainda é disponibilizado no SUS. A reportagem de GZH entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber se existe uma previsão, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Para André Machado, o Paxlovid tem a vantagem de ser uma medicação de uso oral, o que permite que o indivíduo com covid inicie o tratamento até em casa, principalmente aqueles que têm os piores prognósticos, como os idosos, hipertensos, tabagistas e obesos. Conforme o infectologista, os estudos demonstraram que nessa população o remédio diminuiu em 89% o risco de progressão para formas graves da doença.
— Na minha opinião, essa é a melhor medicação, porque é um antiviral que atua diretamente para diminuir a replicação do vírus.
Ainda sobre os oito medicamentos que foram aprovados pela Anvisa, a associação de anticorpos monoclonais banlanivimabe e etesevimab teve sua autorização revogada em fevereiro, a pedido da própria empresa, que não apresentou os dados de eficácia contra a variante ômicron.
Já os medicamentos Regn-Cov-2 (carisivimabe e imdesivimabe) e Regkirona (regdanvimabe) tiveram sua autorização de uso temporariamente suspensa em 28 de março também por falta de informações que comprovem a sua eficácia contra a variante.
Conforme os dados divulgados pela Anvisa, seguem aprovados para uso emergencial os medicamentos evulsheld, monulpiravir, sotrovimabe e paxlovid.