Um dia após Esteio, as demais cidades da Região Metropolitana iniciaram a vacinação de crianças contra o coronavírus nesta quarta-feira (19), junto com outros municípios gaúchos. A maioria aplica as doses para os pequenos entre cinco e 11 anos com comorbidades ou deficiência permanente, mas há particularidades de acordo com cada cidade.
Nos postos visitados por GZH, o primeiro dia tem sido marcado por poucas filas, exceto em Viamão, onde a espera podia chegar a 3 horas nesta manhã. Entre os pequenos, a vacina representa a esperança de dias melhores e de menos restrições.
Em Gravataí, a Unidade Básica de Saúde Centro registrou baixa procura no início da manhã. Das 7h30min às 9h, apenas seis crianças haviam sido imunizadas.
O movimento baixo facilitou a vida de quem procurou o posto de saúde e precisou esperar poucos minutos. Gabriela Ribeiro Damaceno, 31, e Natália dos Santos, 23, levaram o filho João Henrique Damaceno, 7, para receber o imunizante pouco depois das 9h. Os três vestiam camisetas do Instituto do Câncer Infantil e com o tradicional Leão da Coragem, que representa a instituição.
Com a coragem de quem está tratando um câncer, o pequeno João esboçou pouca reação ao receber a primeira dose da vacina contra a covid-19. Não chorou.
–Não doeu. Agora estou feliz porque vou poder voltar a brincar no parque – contou a GZH.
Gabriela não via a hora de poder trazer o filho para a imunização. Devido ao tratamento, o menino precisou ficar afastado de várias atividades durante a pandemia.
–Estávamos ansiosas para trazê-lo no primeiro dia, porque ele tem a imunidade mais baixa. Pelo menos agora a gente vai conseguir passear com ele, porque ficou privado de tudo – contou a dona de casa.
Gravataí imuniza crianças entre cinco e 11 anos com comorbidades ou com deficiência permanente, mediante a apresentação de laudo médico para a comprovação da condição de saúde. A aplicação das doses ocorre em nove unidades de saúde com horários de atendimento específicos em cada uma. Para receber a vacina, a criança deve estar acompanhada de um responsável legal, apresentar um documento de identificação, carteira de vacinação e comprovante de residência.
Locais de vacinação em Gravataí
Das 8h30min às 11h30min e das 13h às 15h30min:
- USF Neópolis
- USF Costa Do Ipiranga
- USF Águas Claras
- USF Parque Dos Anjos
Das 7h30min às 18h30min:
- USF Barro Vermelho
- UBS Centro
- UBS São Judas Tadeu
- UBS Morada do Vale I
Das 7h30min às 16h30min:
- UBS Cohab A
Em Canoas, procura foi maior no início da manhã
Na UBS Boa Saúde, em Canoas, uma faixa colorida foi colocada do lado de fora, com desenhos de estrelas e balões. A mensagem avisa pais e responsáveis sobre o serviço oferecido: “Aqui temos vacina da covid-19 para crianças”.
Também do lado de fora, profissionais do posto de saúde fazem a triagem, verificando se as crianças que chegam estão incluídas no grupo autorizado a receber o imunizante neste primeiro dia. As doses são aplicadas em uma sala no fundo do posto, preparada especificamente para a imunização dos pequenos - assim, eles acessam por fora e não entram em contato com pessoas com sintomas gripais. Após a imunização, os responsáveis e os vacinados aguardam de 15 a 20 minutos do lado de fora para ver se não haverá reação.
Conforme funcionários, a procura foi grande no início da manhã, e chegou a haver fila na UBS. Após as 10h, no entanto, já havia menos pessoas chegando ao local.
Miguel Soares dos Santos , 11 anos, assistia vídeos no celular enquanto acariciava um cachorrinho em frente à UBS. O algodão e o esparadrapo no braço indicavam que já havia recebido sua primeira dose:
–Doeu mais ou menos. Mas eu queria vir tomar porque daqui a alguns dias vou poder tirar a máscara – espera o menino, ansioso pelo fim da pandemia.
A mãe, a auxiliar administrativa Juliana Gonçalves Soares, 44, está mais tranquila após a vacinação do filho.
– É uma dor pro bem. Ele tem asma e era o único da família que ainda não estava vacinado. Agora ficamos mais seguros.
Em Canoas, são vacinadas crianças com idades entre 5 e 11 anos com deficiência permanente e comorbidades comprovadas ou que integram a população quilombola e indígena da cidade. As doses estão disponíveis nas unidades de saúde Santa Isabel, Estância Velha, Boa Saúde, Niterói e Harmonia, das 8h às 14h. Para receber a vacina, é obrigatório estar acompanhado do responsável e apresentar comprovante da comorbidade, identidade ou certidão de nascimento da criança, cartão SUS e comprovante de residência.
Longa espera em Viamão
Em Viamão, há uma particularidade em relação a outras cidades da Região Metropolitana: além das crianças de cinco a 11 anos com comorbidades, quem tem 11 anos e não tem doenças pré-existentes também pode se vacinar. A imunização ocorre das 9h às 16h, nas escolas Alberto Pasqualine, Apolinário Alves dos Santos, Castelo Branco, Farroupilha, Frei Pacífico, Sargento Raymundo Soares e na Apae.
Na Alberto Pasqualine, havia uma longa fila no fim da manhã desta quarta. A maior parte das pessoas aguardava no pátio, enquanto grupos menores acessavam o interior do prédio. Perto do meio-dia, pais que chegavam em busca da vacina reclamavam do intervalo na imunização, que não havia sido avisado.
Luís Alberto Carrizo, 38, e Solange de Souza, 43, chegaram por volta de 9h30 com a filha Pietra Luísa Carrizo, seis. A pequena só conseguiu ser vacinada após ao meio-dia.
– Quisemos vir no primeiro dia. Como todo mundo já está vacinado e daqui a pouco começam as aulas, é melhor prevenir. A gente precisou se cuidar bastante porque ela tem asma – explica o pai.
– Nem estou nervosa – disse Pietra, pouco antes de ingressar na sala de vacinas.
Para receber melhor os pequenos, os enfermeiros do local vestem roupas com desenhos dos personagens Hello Kitty e Capitão América. Após a aplicação das doses, os pais são orientados a esperar alguns minutos com os filhos para ver se não haverá reação.
Acompanhado da mãe Tayane Miranda dos Santos, 28, o pequeno Miguel Marcondes dos Santos, 7, também foi um dos vacinados nesta manhã. A família chegou às 9h e foi atendida por volta de 11h30. Para Miguel, a vacina representa a esperança de dias melhores:
– Eu queria tomar, porque tem um monte de gente da população que já morreu de coronavírus.