Diante da alta circulação da variante Ômicron do coronavírus e também do vírus H3N2, causador de gripe, é fundamental investir em máscaras mais protetoras e no uso correto desses equipamentos de proteção individual (EPIs). O alerta vale também para pessoas vacinadas — mesmo quem está imunizado não pode descuidar da cobertura facial.
Melissa Markoski, bióloga, doutora em Biologia Celular e Molecular e professora de Biossegurança da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), pede que a população opte, na medida do possível, por máscaras do tipo PFF2 (N95) ou cirúrgicas com tripla camada.
— Pelos artigos clínicos que saíram, não há diferença, em termos de proteção, entre a máscara cirúrgica de tripla camada e a PFF2. Na grande maioria dos hospitais, utiliza-se PFF2 nas áreas de risco para covid-19 e máscara cirúrgica nas demais áreas — explica Melissa, também membro da Rede Análise Covid-19.
A profissional lembra que que esta é a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde o setembro de 2021.
— O que temos em outras evidências? Estudos de prova de conceito, quando se testam, em laboratório, eficiência de filtração da máscara, ajuste, camadas. Aí se vê que o respirador PFF2 é superior — complementa.
A bióloga recomenda que as pessoas recorram à PFF2 principalmente quando não souberem se há alguém contaminado no local ou se a ventilação for insuficiente, caso do transporte público, por exemplo.
— Como a gente não sabe onde está a contaminação, utiliza a melhor máscara que puder — ensina Melissa.
Em encontros ao ar livre ou durante os passeios diários com o cachorro, situações de menor exposição, pode-se utilizar a versão cirúrgica.
Médico infectologista, Alexandre Schwarzbold, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, repete a mesma escala de priorização: em primeiro lugar, a PFF2, a melhor opção, seguida da cirúrgica, na segunda colocação. Quanto à cirúrgica, que pode deixar fendas que permitem a passagem de ar — e de partículas virais, consequentemente —, o correto posicionamento sobre o rosto é essencial. De nada adianta deixar o nariz para fora, ficar constantemente puxando-o para o pescoço ou manter aberturas muito grandes nas bochechas ou no queixo. Essa orientação vale para qualquer máscara.
— São questões simples, mas chave — ressalta o infectologista.
Quem não puder comprar PFF2 ou cirúrgica tripla, Schwarzbold indica a combinação da cirúrgica simples — a primeira a ser colocada, em contato com a face — com uma de pano, para que se obtenha melhor vedação.
— Não basta apenas colocar uma máscara. Ela tem que ser muito bem ajustada na região nasal — ressalta, destacando que a preferência deve ser dada às cirúrgicas com clipe nasal (estrutura metálica que pode ser pressionada junto ao nariz, perto dos olhos).
Se restar apenas a possibilidade de utilização de acessórios de tecido, que sejam, então, bem ajustados e lavados com frequência.
Quanto ao tempo de uso, Melissa atenta para o fato de a cirúrgica umedecer mais rapidamente — um aviso de extrema importância especialmente nesta semana, em que há previsão de recordes de calor para o Rio Grande do Sul. O ideal é trocar a cirúrgica depois de duas a quatro horas de uso ou quando estiver molhada.
— Quanto mais a pessoa suar, menor o tempo de utilidade — constata a docente da UFCSPA.
Em relação aos respiradores PFF2, mais duráveis, a utilização pode se estender por até oito horas quando se mantiverem secos. Tenha cuidado ao retirar a máscara, sem tocar na parte frontal, e deixe-a “descansando” por um período de 24 a 48 horas. Nesse intervalo, recorra a outra unidade, fazendo um rodízio. A PFF2 pode continuar sendo usada enquanto estiver limpa, sem deformações e com os elásticos em bom estado.
Outra possibilidade é a máscara KN95. Esta, entretanto, não tem um ajuste adequado nas laterais, aponta Melissa, mas não há estudos dizendo que seja incapaz de proteger. Se a preferência for por esta opção, procure fazer a regulagem com pequenos nós nas alças atrás das orelhas ou unindo as duas, com um elástico, por trás da cabeça.