O aumento no número de casos de coronavírus, somado às novas variantes que circulam pelo país, amplificou a recomendação para o uso de máscaras que garantam uma proteção maior aos usuários. O Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento da Pandemia Covid-19 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul revisou, em 6 de abril, uma nota técnica sobre o uso desses equipamentos de proteção individual (EPIs), e passou a indicar as melhores opções, que são, em ordem: as PFF2/ N95; máscaras cirúrgicas com tripla camada; máscaras de pano com tripla camada, ou a sobreposição de uma de tecido e cirúrgica. Vale lembrar que a dupla de máscaras é, obrigatoriamente, formada por um modelo cirúrgico e outro de tecido. Não se deve usar duas máscaras com os modelos PFF2/ N95.
Essa orientação, no entanto, não precisa ser seguida em todas as situações. Especialistas recomendam que a PFF2/ N95 seja usada em ambientes fechados, onde se permanecerá por um longo período, e com muitas pessoas. Para esclarecer quais são as diferenças entre esses EPIs, como usá-los e como conservá-los, GZH conversou com os infectologistas Raquel Stucchi, professora Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), e Antônio Carlos Bandeira, membro diretor da SBI.
Qual a diferença entre a N95 e PFF2?
Não há diferença entre elas. O que muda é a nomenclatura que cada país dá a elas, explica Raquel. No Brasil, é usado o nome PFF2, enquanto nos Estados Unidos é N95. Elas são usadas tanto na área da saúde como em indústrias.
Quais são as características delas?
São feitas em material filtrante, sendo um filtro eletrostático.
— Elas foram desenvolvidas para filtrar partículas muito pequenas, aquelas abaixo de 0.1 micrômetro, até maiores, acima de 5 micrômetros. Além de terem filtros mecânicos, que param as partículas, elas ainda têm filtros eletrostáticos que atraem as gotículas respiratórias — explica Bandeira.
O infectologista explica que algumas partículas respiratórias conseguem atravessar as fibras de uma máscara mecânica, fazendo com que o usuário as absorva.
— Quando tem um filtro eletrostático, ele atrai a partícula e a gruda no material. Na hora que ela grudou, acabou, ela não vai mais para lugar nenhum. Esse é o grande pulo do gato dessas máscaras: conseguir adicionar elemento de atração elétrica além do filtro mecânico — justifica Bandeira.
Além disso, esse modelo tem dois elásticos que devem passar por trás da cabeça e do pescoço, e, geralmente um clipe metálico no nariz, o que confere uma adesão perfeita ao rosto, inclusive debaixo do queixo. Dessa forma, todo o ar que o usuário respira é adequadamente filtrado.
Qual é o poder de filtragem da PFF2/ N95?
É de, no mínimo, 94% de partículas grandes e pequenas.
A KN95 é a mesma coisa?
Não. Esse modelo tem dois elásticos que são presos atrás das orelhas, não oferecem boa aderência, reforça Raquel. Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional não aprova esse modelo.
Quando devo usar a PFF2/ N95?
Deve-se usar esse modelo quando for permanecer em um ambiente fechado e com muita gente por mais de 15 minutos, como, por exemplo no transporte público, em reuniões e em viagens aéreas.
— Elas são indicadas para situações em que pode haver transmissão por aerossol — fala a docente da Unicamp.
Quem não tiver acesso a esse modelo deve optar pela máscara cirúrgica ou de tecido com pelo menos três camadas e bom ajuste ao rosto, recomenda o diretor da SBI.
Quando não preciso usar a PFF2/N95?
Em situações nas quais você vai circular e não terá contato/ conversa com outras pessoas, diz Bandeira. Por exemplo: sair para a rua, caminhar no parque ou em ir ao supermercado não exigem o uso da PFF2/N95, mas é obrigatório o uso de outro modelo de máscara.
Por quanto tempo posso usar a PFF2/N95?
O modelo pode ser usado o dia inteiro, e uma mesma máscara pode ser utilizada de cinco a sete dias, desde que se mantenha íntegra, ou seja, sem furos ou rasgões. Depois desse período, ela deve ser descartada, ensina Bandeira.
Como mantenho a PFF2/N95 quando não estou usando?
Deixe-a em um local ventilado ou em um envelope com os elásticos para fora, a fim de evitar que eles encostem na parte que pode estar contaminada. Raquel sugere que se tenha três máscaras desse modelo para intercalá-las ao longo da semana.
Preciso lavar ou higienizar a PFF2/ N95?
Não. Esses modelos não podem ser lavados ou higienizados com álcool. Apenas mantenha o EPI guardado em ambiente ventilado ou em um envelope, conforme já mencionado.
Como escolher minha máscara?
Atente para o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
— Infelizmente, muitas das que estão sendo vendidas são falsas, não têm todas as camadas de proteção. Só olhando não é possível identificar isso. Logo, procure sempre comprar de fabricantes conhecidos — sugere Raquel.
Em maio de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu uma lista com máscaras consideradas ineficientes. Boa parte delas era KN95. Os fabricantes podem ser conferidos aqui.
Quanto custa?
O preço varia bastante na internet. Conforme consulta da reportagem na tarde desta sexta-feira (16), há sites vendendo desde R$ 3,99 cada máscara até R$ 44,90 (modelo dobrável sem válvula). O produto pode ser encontrado em sites de materiais de construção, farmácias e de produtos variados.