O governo federal anunciou, na terça-feira (7), a exigência de uma quarentena de cinco dias para viajantes não vacinados contra a covid-19 que desembarcarem no Brasil. Conforme o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, após esse período será necessário apresentação de um teste negativo para coronavírus para haver a liberação. Já a possibilidade de exigência de um certificado de vacinação, recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não foi considerada pelo ministério.
No pronunciamento, Queiroga repetiu a frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro para justificar a não adoção do passaporte vacinal no país.
— O que estamos fazendo tem dado certo, porque nós respeitamos as liberdades individuais e o povo brasileiro tem procurado as políticas públicas livremente. O presidente ainda há pouco falou: "às vezes, é melhor perder a vida do que perder a liberdade".
Nesta quarta-feira, o ministro reconsiderou a expressão e afirmou que a vida e liberdade são “indissociáveis.
Para o chefe do serviço de infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz, a medida ainda é melhor do que nenhuma restrição para entrada de estrangeiros ou brasileiros que vêm de fora do país.
— Tem um discurso de que quando a liberdade de uma pessoa interfere na minha, se essa liberdade pode interferir na minha saúde, isso está errado. Quanto ao passaporte vacinal, sem dúvida nenhuma seria a melhor medida. Por outro lado, pelo menos uma medida foi tomada. Já é um avanço, poderia ser pior — disse Sprinz em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (8).
Até então, viajantes que entravam no Brasil precisavam apenas apresentar uma Declaração de Saúde (preenchida no site da Anvisa) e um exame RT-PCR negativo realizado até 72 horas antes do embarque. Ainda será necessário apresentar o teste negativo, mas o governo não esclareceu como será feito o controle da quarentena desses indivíduos.
— Essa é uma dúvida total, infelizmente — comentou o chefe do serviço de infectologia do HCPA.
Na visão de Sprinz, existe uma motivação mundial para tentar realmente eliminar a covid-19 ou, ao menos, controlar.
— O que a gente está conseguindo agora é o controle da pandemia. Isso é maravilhoso, nós não conseguimos imaginar isso nove meses atrás. Eu estou vendo dia a dia, existem casos novos, mas estão diminuindo. Isso é o controle da pandemia. O próximo passo é eliminá-la.
O infectologista ainda reforçou a importância da imunização.
— Individualmente, a vacinação diminui e muito as chances de ter um quadro grave de covid. Do ponto de vista da comunidade, quanto menos vírus circular, menor será sua transmissibilidade. E a vacinação que a gente tá vendo faz com que a circulação do vírus diminua. É importante que as pessoas se vacinem, porque, ao se vacinar, elas não protegem somente a elas próprias, mas todas as pessoas que elas convivem, gostam e amam.