A variante Ômicron do coronavírus apresenta muito mais mutações que a cepa Delta, segundo uma primeira "imagem" da mesma, realizada e publicada neste domingo (28) pelo hospital Bambino Gesù, em Roma, na Itália.
A publicação assinada pela equipe de pesquisadores do hospital diz que a "imagem" tridimensional é parecida com uma cartografia:
— Vemos bem que a variante Ômicron apresenta muito mais mutações que a variante Delta, que ainda apresenta um grande número de mutações, concentradas principalmente na região da proteína que interage com as células humanas. Isso não quer dizer automaticamente que essas mutações são mais perigosas, diz simplesmente que o vírus se adaptou mais uma vez à espécie humana gerando outra variante. Outros estudos nos dirão se essa adaptação é neutra, menos ou mais perigosa — afirma a nota.
A equipe de pesquisa do renomado estabelecimento Bambino Gesù se concentrou na busca por mutações a nível— da estrutura tridimensional da proteína spike — explicou a professora de microbiologia clínica na Universidade de Milão e pesquisadora no hospital romano Claudia Alteri, à AFP.
Essa proteína, que é a parte do vírus estudado com a devida atenção, é o grande responsável pelo reconhecimento do receptor humano em que a entrada do vírus ocorre pelas células. Claudia destaca — É na spike que os anticorpos monoclonais agem e, consequentemente, as vacinas — diz.
— A imagem foi feita a partir da análise de sequenciamentos dessa nova variante fornecidas à comunidade científica e procedentes principalmente de Botsuana, África do Sul e Hong Kong. Ela representa um pouco o mapa de todas as variantes, descreve mutações da Ômicron, mas não define o papel que elas têm — considerou Claudia.
Ela conclui dizendo que o importante a partir de agora, mediante experimentos de laboratório, se essas combinações podem ter um impacto na transmissão ou na eficácia das vacinas.