Na tentativa de frear o avanço de uma quarta onda da covid-19, a Áustria deu início, nesta segunda-feira (15), a um novo lockdown. Dessa vez, o confinamento é restrito a pessoas não vacinadas ou que se recuperaram recentemente da covid-19. Quase 65% da população recebeu as duas doses da vacina no país, percentual inferior à média europeia e está longe de países como Espanha (79%) e França (75%).
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, a jornalista gaúcha Priscila Martini, que vive em Viena, a capital do país, relatou que, com a medida, muitas pessoas procuraram a vacina. Segundo a jornalista, os austríacos que escolhem não se vacinar têm como justificativa falta de confiança na vacina, medo de efeitos colaterais ou reprovação pelo governo determinar o que eles devem que fazer.
— Bastante gente procurou [a vacina]. Mas eu não acho que vai mudar muita coisa, sinceramente. É o que sinto, pelo menos. Não sei como está a situação hoje. Mas algumas pessoas são bem receosas de tomar a vacina, infelizmente.
Em Viena, por exemplo, para comparecer a eventos culturais ou esportivos com mais de 25 pessoas ou para sair para jantar será exigido, a partir de agora, um teste PCR, além do certificado de vacinação ou de recuperação da doença.
Segundo o governo da Áustria, para garantir o respeito da medida, as autoridades farão controles não anunciados em zonas públicas. Quem não cumprir a medida deve pagar uma multa de 500 euros (R$ 3,1 mil). Quem se negar a passar pelos controles pagará 1.450 euros (R$ 9 mil). Cerca de 2 milhões de pessoas não poderão deixar suas casas, a não ser para fazer compras, praticar esportes ou receber atendimento médico.
— Eu não sei como vai ser feita essa fiscalização. Acho que essa é a maior dúvida. Porque eu fui trabalhar hoje normalmente e não vi a polícia em nenhum lugar. Eu não sei o quão eficaz será isso.
Priscila afirma que segue usando máscara e que ainda tenta evitar a socialização. No sábado (13), a Áustria registrou mais de 13 mil novos casos de covid-19, o maior número de contágios desde o início da pandemia. Apesar das medidas para frear o avanço da doença, a gaúcha explica que o país não chegou a alcançar os limites de capacidade dos hospitais.
— Eles são bem rigorosos em porcentagem de leito de UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Quando os leitos estão 30% ocupados, eles já começam a ter medidas mais rigorosas. Eles não deixam chegar a um limite, não querem ter que decidir quem tenha tratamento ou não. A ideia é que não chegue nem perto de todos os leitos serem ocupados.
A jornalista explica que, ao longo da pandemia, percebeu que a população se divide entre quem aceita as medidas implementadas pelo governo e quem ainda é mais resistente.
— Com o tempo, as pessoas começaram a perder um pouco a paciência com tantas medidas. Mas eu vejo que tem essa parte da população que se vacina, que adere às regulamentações, que são mais tolerantes. As pessoas que não querem se vacinar são um pouco mais resistentes a qualquer regra que venha do governo. Então acho que tem realmente essas duas partes da população.