A Alemanha enfrenta a quarta onda da pandemia de coronavírus. Com a campanha de vacinação estagnada – sem conseguir sair da faixa dos 60% – e com a aproximação do inverno, o país, que até então era modelo no combate ao vírus, vê os casos de covid-19 dispararem, beirando as 40 mil novas infecções por semana.
Tido como aliado de vários governos, inclusivo no Brasil, o passaporte vacinal também não tem resultado adequado, conforme avaliação da jornalista brasileira Nina Lemos. Moradora de Berlim, ela falou ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (15).
— Semana passada fui em um restaurante porque era meu aniversário. Escolhi um lugar que tinha uma varanda mais aberta. E também está frio, isso piora muito. Cheguei lá (no restaurante) e não cobraram (o passaporte vacinal). Aí eu chamei o garçom e disse: "não tem que entrar aqui só vacinado"? (sic), e ele não cobrou — contou Nina.
O uso de máscara é livre em ambientes abertos, porém quando se entra em um local fechado, ou nos transportes públicos, a população deve usar o modelo do item de modelo PFF2, que é de maior proteção. Nina diz que nessa parte, os alemães cumprem muito bem a regra.
— Está bem ruim a situação (na Alemanha). É surreal quando a gente olha para o Brasil, que agora está em um momento bom, e aqui está no pior momento que a gente já teve desde o início da pandemia — disse a jornalista.
Na cidade de Bonn, antiga capital da Alemanha Ocidental, vive o também jornalista Guilherme Becker. Segundo ele contou ao programa Timeline, na última quinta-feira (11), o município é famoso pelas festividades de carnaval e de fim de ano, e agora, em 2021, a população se prepara para celebrar novamente, como se não houvesse pandemia.
— A vida segue um fluxo quase normal em meio a números assustadores — conta Guilherme.
A Alemanha, que conta com 67% de sua população imunizada, implantou o sistema “2G” para tentar frear os contágios no país. Os critérios desta imposição do governo são: apresentar o documento de vacinação ou o teste negativo para covid-19 para entrar em espaços como salões de beleza, restaurantes e academias. Para ajudar nisso, o governo alemão voltou a disponibilizar testes gratuitos para a população.
Um ponto em comum entre as falas de Guilherme e Nina é que ambos notaram que o movimento antivacina é muito maior entre os alemães do que o que se tem visto no Brasil. Segundo os jornalistas, os negacionistas das vacinas são um dos fatores que mais preocupa o governo da Alemanha no combate ao coronavírus.