A retomada de casos de coronavírus em alguns países da Europa e Ásia, após um declínio expressivo da pandemia nos últimos meses, serve como alerta para a situação da doença no Brasil. Países desses continentes vêm registrando aumento de casos e óbitos mesmo em locais em que a cobertura vacinal já se encontra em patamares elevados. A advertência foi divulgada nesta sexta-feira (12) pelos cientistas que elaboram o Boletim Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os cientistas defendem a importância da vacinação e a necessidade de seguir os protocolos sanitários de higiene e segurança, como o uso de máscaras, por exemplo. Os profissionais também ressaltaram a preocupação com o ritmo de vacinação, pois houve uma desaceleração na procura pelo imunizante. No Rio Grande do Sul, por exemplo, mais de um milhão de pessoas estão com a segunda dose da vacina em atraso.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), na última semana de outubro, 59% dos casos de coronavírus vieram da Europa ou Ásia. Além disso, 48% dos óbitos pela doença ocorreram nesses dois continentes. Em número brutos, houve 1,8 milhão de novos infectados e 24 mil novas mortes relatadas. As principais ocorrências de casos graves da doença se concentram, sobretudo, em grupos de pessoas não vacinadas ou em locais com baixa cobertura vacinal.
A OMS alertou que, se o ritmo de infectados e mortes for mantido, nessas regiões, poderá acontecer mais meio milhão de óbitos por covid-19 até 1 º de fevereiro de 2022. Com esse panorama, cerca de 43 países sofreriam um colapso em seus sistemas de saúde.
Na Europa, países como Portugal e Espanha estão apresentando diminuição no número de casos pela ampla cobertura vacinal. Nesses locais, 80% da população já está vacinada. O valor fica acima da média do continente, que é de 56%.
Enquanto na França o número de óbitos reduziu pela metade nos últimos três meses e o país apresenta uma taxa de vacinação completa da população de 68%, na Holanda, a quantidade de infectados bateu recorde na sexta-feira (13). A taxa diária é de 1.170 óbitos, o que equivale a uma elevação de 53% se comparado de agosto até agora.
Os dados recentes de monitoramento diário de covid-19 no Brasil indicam uma tendência de queda no número de infectados e mortes. No entanto, para os cientistas do Observatório Covid-19, se o país não seguir mantendo os protocolos sanitários, a situação pode mudar, principalmente no período de férias e festas de final de ano.