Alguns dos principais hospitais de Porto Alegre terminaram o mês da campanha Outubro Rosa, de promoção à prevenção do câncer de mama, com número de exames de mamografia superior ao mesmo período do ano passado. Com a diminuição de casos e internações por covid-19 e mais pessoas saindo de casa, o número de atendimentos voltou aos patamares do período pré-pandemia.
No hospital São Lucas da PUCRS, os agendamentos aumentaram de 805, em 2020, para 980. Os dados ainda são inferiores aos 1.629 registrados em 2019, antes da pandemia. O motivo, de acordo com a instituição, é que muitos agendamentos ficaram parados e ainda passam por um processo de retomada.
A Santa Casa de Misericórdia conseguiu atender, em 2021, mais pacientes do que nos últimos dois meses de outubro. Foram 1.472 exames realizados, 300 a mais do que em 2019. Conforme o diretor-técnico do hospital, Ricardo Kroef, há mais confiança das pessoas para retornar os exames de rotina.
Os hospitais Conceição e Fêmina também registraram um aumento nos exames. No décimo mês do ano passado foram agendados cerca de 250 e 150 procedimentos, respectivamente, enquanto que em 2021 foram 450 e 173. O Hospital de Clínicas ainda contabiliza os dados, mas diz que é possível perceber aumento considerável na quantidade de exames na instituição.
Para a mastologista e presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), Maira Caleffi, as razões para a campanha deste ano ter obtido bons resultados vão além do cenário epidemiológico mais favorável. Uma medida do Ministério da Saúde de dezembro de 2020 que liberou recursos a Estados e municípios para incentivar políticas de combate ao câncer foi fundamental para ampliar os atendimentos na saúde pública. Além disso, para ela, a cooperação entre diversas setores da sociedade e a maior preocupação das pessoas com a saúde colaboraram com esse crescimento.
— Depois de tudo que passamos, a população passou a ficar mais atenta a sua saúde. E as instituições, junto com a mídia, se esforçaram muito neste ano—explica a médica, que relata alguns casos de hospitais no Rio Grande do Sul que registraram aumento de 300% nos exames realizados.
Porto Alegre
Os exames de mamografia no sistema público de saúde da Capital estão próximos de atingir o patamar do ano passado. Nos primeiros 10 meses deste ano, foram atendidas 24.540 mulheres, cerca de 150 a menos do que no ano passado inteiro. O ritmo, que começou lento no primeiro semestre, tem sido maior recentemente.
Em outubro, as solicitações cresceram em 60% em relação aos demais meses do ano. Conforme a Secretaria Municipal da Saúde, até o dia 29, foram agendados 520 exames para detectar o câncer de mama pelo aplicativo da prefeitura, e outros 95 estão em processo de agendamento.
Agentes receberam cerca de 800 mensagens por WhatsApp solicitando o atendimento, incluindo de mulheres que não se enquadram no público-alvo. A demanda foi tanta que o município teve de pedir auxílio de hospitais para ampliar a oferta de exames. Foram 340 mamografias realizadas pelos hospitais parceiros, sendo 150 no São Lucas, 115 no Fêmina, 50 no Conceição e 25 no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas.
Conforme a diretora de Atenção Primária à Saúde, Caroline Schirmer, é necessário pensar em estratégias para estimular a população a seguir preocupada com a doença nos demais meses do ano. Uma das intenções da prefeitura é apostar nos serviços de agendamentos por WhatsApp.
— Neste mês, fizemos o projeto WhatsApp Rosa para centralizar os agendamentos específicos para mamografia, mas vimos que as pessoas têm mais facilidade em se comunicar quando o contato é direto com o seu posto de saúde — conta.
O canal direto com as unidades de saúde também funciona pelo aplicativo de mensagens há cerca de um mês. Os telefones de cada local podem ser conferidos no site da prefeitura.