Depois de a Bélgica anunciar o primeiro caso da nova variante do coronavírus na Europa, Israel confirmou nesta sexta-feira (26) a detecção de um caso da cepa descoberta na África do Sul, a B.1.1.529.
– A variante descoberta nos Estados do sul da África foi identificada em Israel. Trata-se de uma pessoa que veio de Malauí [país africano considerado um dos mais pobres do mundo]– afirmou o ministério.
Outros dois casos de pessoas que chegaram do exterior são tratados como suspeitos. As três pessoas já estavam vacinadas contra o coronavírus.
O primeiro-ministro Naftali Bennett convocou uma reunião de emergência com autoridades da área da saúde para examinar a situação e os riscos.
O governo israelense incluiu em sua lista vermelha sanitária África do Sul, Lesoto, Botsuana, Zimbábue, Moçambique, Namíbia e Eswatini (ex-Suazilândia) após o anúncio da descoberta da nova variante.
Na Bélgica, segundo o governo, infectado trata-se de uma pessoa que veio do exterior e testou positivo em 22 de novembro. A pessoa não estava vacinada.
A variante é identificada como B.1.1.529 e parece ser muito contagiosa, de acordo com cientistas sul-africanos. Não se sabe se as vacinas que estão sendo aplicadas são eficazes contra a nova cepa.
Em entrevista coletiva organizada pelo Ministério da Saúde sul-africano, nesta sexta-feira, o professor Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul, afirmou que foram localizadas 50 mutações no total — e mais de 30 na proteína spike, que é considera a "chave" que o coronavírus usa para entrar nas células e que é alvo da maioria das vacinas contra a covid-19. Algo inédito até este momento da pandemia.
– Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e traz] muitas mais mutações do que esperávamos – explicou, afirmando que a B.1.1.529 carrega uma "constelação incomum de mutações" e é "muito diferente" de outros tipos que já circularam.