A necessidade de cobrir o rosto com a máscara pode provocar maior sensação de sede e secura na boca em algumas pessoas, mas o desconforto não deve ser empecilho para o uso correto e continuado do acessório em todas as situações necessárias.
Claudio Stadnik, médico infectologista da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, explica que o equipamento de proteção individual (EPI) interfere na entrada de umidade, gerando mais sede, dependendo da sensibilidade de cada um e da espessura do material.
Manter-se bem hidratado é importante, e a regra vale para todos — inclusive para os hipercuidadosos, que temem ficar sem máscara em qualquer ambiente que não a própria casa, ainda que por poucos segundos.
Com a retomada cada vez mais intensa das atividades presenciais, não há problema em manter uma garrafa d’água na mesa da sala de aula ou do escritório e retirar o EPI rapidamente para beber se o local é ventilado e os colegas respeitam o distanciamento mínimo de um metro e meio.
No caso da utilização de espaços como sala de cafezinho, cozinha ou copa, Stadnik recomenda que apenas um indivíduo ocupe o espaço por vez, especialmente na hora de se alimentar, atividade que requer mais tempo.
— Esses locais têm que ter um controle muito rígido. O ideal é estar sozinho ou distante dos outros — observa Stadnik.
Infectologista do Hospital Divina Providência, na Capital, Sidnei dos Santos Júnior desconhece estudos que comprovem a relação entre uso de máscaras e aumento da sede, mas destaca que as sensações podem ser bem subjetivas — e isso não altera a necessidade de utilização da proteção.
— Se a pessoa tiver essa sensação, tira um pouco a máscara e toma água ou umedece a boca, ficando o menor tempo possível sem a máscara — orienta o médico.
É fundamental associar várias medidas protetivas simultaneamente. Ao abrir mão da máscara, por exemplo, o indivíduo deve se certificar de que outras recomendações estão sendo cumpridas, como a boa ventilação e o distanciamento.
— As medidas têm que se complementar. Se a gente aposta numa coisa só e a perde, perde-se tudo — destaca Santos.
Há quem também reclame de experimentar um certo sufocamento com o EPI. Santos ressalta que a máscara não impede a respiração e, quanto mais frequente o uso, menor o incômodo. Exemplo do hábito são profissionais da área da saúde, entre outros, que sempre trabalharam com máscara.
— Já estamos há mais de um ano e meio na pandemia. Quanto mais o tempo vai passando, mais vai diminuindo a sensação de perigo, e as pessoas vão abrindo mão da proteção. Mas tem que insistir, uma hora acostuma — diz Santos.