Conscientizar a população sobre a importância do uso correto da máscara na prevenção da infecção por coronavírus é um desafio diário para médicos, cientistas, autoridades sanitárias e meios de comunicação. E o desafio de não descuidar dessa proteção fica mais complexo em dias como os que já vêm sendo experimentados no Rio Grande do Sul: o forte calor e a alta umidade favorecem a transpiração, fatores que ameaçam a eficácia desse equipamento de proteção individual (EPI). Máscara úmida demais ou molhada não funciona.
Para esclarecer as dúvidas mais comuns sobre o tema, GZH consultou a infectologista Andréa Dal Bó, membro da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia.
Qual o melhor tipo de máscara para o verão?
Segundo a infectologista Andréa Dal Bó, a máscara ideal tem pelo menos duas camadas de proteção. Para os dias quentes, você pode optar por máscaras desse tipo. Evite, sempre, os acessórios de camada única ou com costura no meio (do nariz até o queixo), o que representa uma quebra na barreira contra o contágio.
O tecido pode ser o de sua escolha, desde que apresente uma trama grossa. No caso do algodão, de fácil aquisição, opte pelo tricoline.
Uma sugestão para a máscara ideal, que se aproxima muito da proteção oferecida pelo modelo N-95, utilizado por profissionais da saúde, combina algodão (tricoline) e seda — o algodão como primeira camada, junto à pele, e a seda sobreposta.
E o modelo menos indicado?
Evite tecidos de trama mais aberta. Tricô e crochê, nem pensar.
Nos dias muito quentes, transpiro mesmo sem fazer esforço físico. Como devo proceder?
Um pouquinho de suor não tem problema, afirma Andréa, mas, se a máscara estiver muito molhada, a proteção se anula. Quando você sentir ou observar que os primeiros pontos de umidade começam a se espalhar pelo tecido, providencie a troca. Máscaras cirúrgicas tendem a ser mais duráveis nessas condições.
Como devo trocar a máscara quando estiver com o rosto suado?
Higienize as mãos e retire a máscara úmida. Lave as mãos e o rosto. Seque-os. Na sequência, coloque a nova máscara. O acessório sujo, se for reutilizável, deve ser guardado em um saquinho plástico para posterior lavagem.
Corro na rua. Devo correr de máscara? E preciso trocá-la durante o trajeto?
A máscara é imprescindível para correr na rua. Mesmo úmida, pontua Andréa, atua como uma barreira. O ideal é levar uma máscara limpa e seca, acondicionada em uma embalagem plástica, no bolso, para fazer uma substituição quando for necessário.
Adianta usar apenas o escudo facial ao correr?
Não. O escudo protege, mas não como a máscara. Os dois EPIs precisam ser usados simultaneamente.
Pratico atividade física na academia, com o ar-condicionado desligado. Sinto muito calor. O que devo fazer?
Leve máscaras extras. Quando a que você estiver usando ficar suada, vá até o banheiro e repita o procedimento citado antes: lave as mãos, retire a máscara úmida, lave então as mãos e o rosto. Seque-os. Na sequência, coloque a máscara limpa. A suja deve ser guardada em um saco plástico e lavada no retorno para casa.
Usar duas máscaras protege mais?
O tema é controverso, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não orienta essa prática. Além de não aumentar a proteção, a sobreposição pode, inclusive, aumentar o risco de você contaminar as máscaras ao ajeitá-las no rosto.
Me sinto sufocado com a máscara nos dias mais quentes. É normal?
A máscara não diminui a oxigenação nem aumenta a concentração de gás carbônico, explica Andréa. Do contrário, seria impossível manter o acessório no rosto por tanto tempo.
— O sufocamento é muito mais um efeito psicológico do que real — tranquiliza a médica.
Se você sentir esse desconforto, afaste-se das outras pessoas e retire a máscara, puxando-a pelos elásticos. Respire um pouco, tome água e recoloque a proteção. Lembre-se de nunca tocar na parte da frente da máscara, manipulando-a sempre pelas amarrações.
Teste modelos diferentes e procure utilizar um que se adapte bem ao formato do seu rosto.